Summary: | Este artigo pretende investigar como questões éticas vêm sendo tratadas no âmbito dos estudos da linguagem. Para tal exame, escolhemos como estudo de caso o discurso proferido pelo então controverso Deputado Federal brasileiro Jair Bolsonaro quando votou favoravelmente pelo impeachment da (agora ex) presidenta Dilma Rousseff. Na ocasião, Bolsonaro, depois de dar seu voto, pagou tributo ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, notório responsável por torturas durante o período da ditadura civil-militar do Brasil (1964-1985). Nosso propósito aqui é discutir e (tentar) formular uma ética discursiva, também colocando em questão se alguns atos de fala podem ser considerados inaceitáveis. Para desenvolver nossa ideia, partimos da perspectiva de linguagem do assim chamado segundo Wittgenstein, mais especificamente de sua ideia de linguagem como formas de vida, posta em diálogo com a posição sobre ética na linguagem defendida pela professora da Universidade Paris 13 Marie-Anne Paveau em seu livro Linguagem e moral: uma ética das virtudes discursivas.
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