Onde estão os bons ventos? | Editorial Revista Espinhaço

Recentemente, fui surpreendido com algo que escrevi no editorial da Revista Espinhaço na última edição de 2019. No texto, afirmei esperar que 2020 trouxesse bons ventos para a educação do país e para as universidades públicas Brasileiras. Não gosto de bancar o pé frio, mas tudo indica que os meus vo...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Douglas Sathler
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri 2020-12-01
Series:Revista Espinhaço
Subjects:
Online Access:http://www.revistaespinhaco.com/index.php/journal/article/view/308/265
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description Recentemente, fui surpreendido com algo que escrevi no editorial da Revista Espinhaço na última edição de 2019. No texto, afirmei esperar que 2020 trouxesse bons ventos para a educação do país e para as universidades públicas Brasileiras. Não gosto de bancar o pé frio, mas tudo indica que os meus votos estiveram distantes de se concretizarem. No geral, é difícil falar em bons ventos num ano tão complicado como 2020, marcado por surtos epidemiológicos e autoritários. A gestão inoperante da saúde e da educação do Brasil trouxe prejuízos incalculáveis para milhões de jovens, e tudo indica que demoraremos um pouco mais para superar a pandemia. Da direita à esquerda, qualquer viés ideológico com um mínimo de bom-senso e competência seria capaz de entregar, no final de 2020, um país melhor para todos nós. A principal marca na gestão da saúde e educação em 2020 foi a incompetência. Mesmo este sendo o ano do caos, do desalento e da morte, alguns avanços existiram por parte de setores da sociedade compromissados com a democracia e mais antenados às necessidades da população. Não podemos esquecer da aprovação pelo parlamento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Isso significará um percentual maior de recursos para a educação no país, sendo uma vitória indiscutível da social democracia brasileira. A ampliação dos investimentos na educação básica, no longo prazo, trará fortes repercussões positivas para a sociedade. Em 2020, a ciência se impôs. Não existe saída para a crise atual fora dos limites da ciência. Isso ficou claro para a parcela sóbria da população. As orientações de cientistas durante o combate à pandemia foram precisas, embora nem sempre seguidas. Novas e “velhas” tecnologias permitiram o desenvolvimento de vacinas que se demonstram eficientes em tempo recorde. A divulgação científica avançou bastante nos meses de pandemia e os canais virtuais de ensino à distância apresentaram grande crescimento, a exemplo do Canal Descomplicado, da UFVJM. Num ano de grandes ataques ao serviço público, estereotipado como ineficiente, ficou claro que o fim da estabilidade em vários setores deixaria a sociedade a mercê de governos autoritários e populistas. Milhares de servidores públicos de todas as esferas da administração mantiveram-se firmes no seu dever de proteger as instituições. No campo do ensino superior, a omissão e os ataques as instituições de ensino são constantes. A iniciativa recente da Universidade Federal de Pelotas abre esperanças para que as universidades públicas encontrem uma vacina anti-intervenção. Afinal, utilizar de forma desenfreada a prerrogativa de desrespeitar a ordem da lista tríplice nas eleições para reitoria com objetivo claro de desorganizar e enfraquecer as universidades fere princípios constitucionais, o que deve ser combatido. A lei, por si só, não basta contra o autoritarismo. Embora seja possível identificar avanços, não podemos normalizar o absurdo. Espero que 2021 seja marcado por uma forte reação das instituições frente ao descalabro. Se os bons ventos que desejei no final de 2019, infelizmente, viraram uma tempestade, que essas correntes revoltas de ar se voltem contra aqueles que a plantam diariamente. Nesse clima de “otimismo”, apresento uma notícia boa para a comunidade acadêmica: a Revista Espinhaço acaba de lançar um novo número. Dessa vez, temos 10 artigos inéditos e uma resenha. Esta edição esteve aberta ao fluxo normal de submissões e, também, captou alguns artigos excelentes através de uma parceria com o Grupo de Trabalho População, Espaço e Ambiente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), coordenado por Glauco Umbelino e Thaís Tartalha. Autores de todas as partes do Brasil estão presentes neste volume, que também conta com um texto de origem internacional. Dessa vez, não listarei os trabalhos um por um, tendo em vista o número mais elevado de textos publicados. Ao invés disso, convido a todos a fazerem uma visita ao nosso site. Até o próximo editorial!
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