Summary: | No domínio da Educação e Formação de Adultos (EFA), baseados numa visão holística do indivíduo e assentes nos melhores princípios da EFA, surgiram em Portugal os processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de competências (RVCC), pretendendo valorizar o adulto e as suas diversas competências, adquiridas em contextos formais, não formais ou informais, suprindo uma necessidade de certificação diferente da adquirida nos “bancos da escola”. Assim sendo, o processo de RVCC, escolar e profissional, conjuga atualmente, de forma contraditória, metodologias baseadas na história de vida do sujeito e outras próprias da educação formal escolarizante (perspetiva tradicionalista da educação), como a inclusão de uma prova escolar e/ou profissional no final do processo com a intenção de reforçar o rigor e o sentido avaliativo de um tal processo. Deste modo, constitui-se uma aparente contradição entre os princípios de fundo em que assenta a EFA, na sua génese, e a forma como o processo de RVCC é agora estruturado. A presente comunicação tem como objetivo conhecer as perceções dos adultos atualmente implicados no referido processo acerca da inclusão da prova de carácter escolarizante, ou seja, em última análise pretende-se identificar o impacto que um processo deste tipo tem na visão que o adulto tem de si próprio e da sua afirmação enquanto adulto capacitado para refletir, consciente e criticamente, acerca da sua própria realidade. Para a consecução do nosso objetivo, recorremos à metodologia qualitativa, utilizando para a recolha de dados uma entrevista semi-estruturada, expressamente elaborada para o efeito da presente investigação. Os participantes no estudo rondam as 20 adultas que pretendem obter a sua certificação no âmbito das saídas profissionais de Agente em Geriatria, Acompanhante de Crianças e de Técnico de Ação Educativa, segundo o Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ). Os dados empíricos recolhidos (transcrição das entrevistas) serão analisados através da análise de conteúdo e os resultados permitirão reflectir sobre o impacto das ‘novas orientações metodológicas’ a que os recentes Centros para a Qualificação e Ensino Profissional (CQEP) e respetivas equipas técnicas estão sujeitos. Neste sentido, e tratando-se de um estudo pioneiro, prevê-se que a discussão dos seus resultados seja o ponto de partida para um melhor entendimento sobre o que deve ser a EFA hoje e em que moldes devem os processos de RVCC estruturar-se para uma EFA do século XXI com mais qualidade.
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