Reflexão Ética sobre Cuidados Paliativos em Neonatologia a Partir do Livro Um Filho para a Eternidade
O livro Um Filho para a Eternidade, de Isabelle de Mézerac, é uma história real de uma mãe que, com coragem, decide prosseguir com a gravidez de um filho portador de uma malformação grave, após lhe ter sido proposta a interrupção da gravidez. Aceitando ver desfeito no seu coração o mito de bebé perf...
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Instituto Superior Politécnico de Viseu
2016-02-01
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Series: | Millenium |
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doaj-82fb3bf0992a4bb7886890475c46089d2020-11-24T20:58:43ZengInstituto Superior Politécnico de ViseuMillenium0873-30151647-662X2016-02-010475533Reflexão Ética sobre Cuidados Paliativos em Neonatologia a Partir do Livro Um Filho para a EternidadeErnestina Batoca SilvaDaniel SilvaO livro Um Filho para a Eternidade, de Isabelle de Mézerac, é uma história real de uma mãe que, com coragem, decide prosseguir com a gravidez de um filho portador de uma malformação grave, após lhe ter sido proposta a interrupção da gravidez. Aceitando ver desfeito no seu coração o mito de bebé perfeito, os pais deram ao filho, antes de partir, o seu próprio tempo para viver, bem como para sentir o amor que por ele tinham. Desta forma, não sentem remorsos nem culpabilidade, pois não anteciparam deliberadamente a vida do pequeno filho. Uma experiência aparentemente parodoxal onde o sentido da vida, do amor e da verdade se aliam para fazer resplandecer os laços fraternos e a exigência da humanidade perante a morte. O livro retrata igualmente a conduta dos profissionais de saúde no processo de transmissão de más notícias, onde, numa primeira fase, não valorizam a compaixão nem promovem a autonomia na decisão, contrastando, posteriormente, com manifestações de apoio, serenidade e zelo incondicional durante a vigilância da gravidez, no parto e no nascimento de um bebé que morre poucos minutos depois do nascimento. Reportamos de grande importância refletir sobre a vivência deste casal, pois que nos leva a pensar a ética e o respeito pela dignidade da criança que ainda não nasceu, bem como a considerar a vulnerabilidade de um casal nesta situação. Esta experiência constitui uma lição para os profissionais de saúde, no sentido de estes proporcionarem às mães, confrontadas com diagnósticos semelhantes, uma decisão informada, livre e esclarecida que vá ao encontro da sua vontade, consciência e valores morais. Deve incentivar-se nos pais uma visão mais global do seu filho, valorizando, desde o início da gravidez, a sua existência como uma pessoa. No diagnóstico pré-natal, a imagem da ecografia permite à mãe, não só ter uma foto de seu filho com antecedência, mas também torna possível reintroduzir o sentido da sua humanidade para além de uma possível deficiência. Em casos como este, consideramos importante a introdução dos cuidados paliativos na maternidade e no acompanhamento da gravidez e do luto por essas crianças. Um modelo inovador e compassivo de cuidar da família a partir do momento do diagnóstico, antes, durante e depois do nascimento.http://revistas.rcaap.pt/millenium/article/view/8109ética clínicaabortocuidados paliativos neonataispais |
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O livro Um Filho para a Eternidade, de Isabelle de
Mézerac, é uma história real de uma mãe que, com coragem,
decide prosseguir com a gravidez de um filho portador de uma
malformação grave, após lhe ter sido proposta a interrupção da
gravidez. Aceitando ver desfeito no seu coração o mito de
bebé perfeito, os pais deram ao filho, antes de partir, o seu
próprio tempo para viver, bem como para sentir o amor que
por ele tinham. Desta forma, não sentem remorsos nem
culpabilidade, pois não anteciparam deliberadamente a vida do
pequeno filho. Uma experiência aparentemente parodoxal
onde o sentido da vida, do amor e da verdade se aliam para
fazer resplandecer os laços fraternos e a exigência da
humanidade perante a morte.
O livro retrata igualmente a conduta dos
profissionais de saúde no processo de transmissão de más
notícias, onde, numa primeira fase, não valorizam a
compaixão nem promovem a autonomia na decisão,
contrastando, posteriormente, com manifestações de apoio,
serenidade e zelo incondicional durante a vigilância da
gravidez, no parto e no nascimento de um bebé que morre
poucos minutos depois do nascimento.
Reportamos de grande importância refletir sobre a
vivência deste casal, pois que nos leva a pensar a ética e o
respeito pela dignidade da criança que ainda não nasceu, bem
como a considerar a vulnerabilidade de um casal nesta
situação.
Esta experiência constitui uma lição para os
profissionais de saúde, no sentido de estes proporcionarem às
mães, confrontadas com diagnósticos semelhantes, uma
decisão informada, livre e esclarecida que vá ao encontro da
sua vontade, consciência e valores morais. Deve incentivar-se
nos pais uma visão mais global do seu filho, valorizando,
desde o início da gravidez, a sua existência como uma pessoa.
No diagnóstico pré-natal, a imagem da ecografia permite à
mãe, não só ter uma foto de seu filho com antecedência, mas
também torna possível reintroduzir o sentido da sua
humanidade para além de uma possível deficiência. Em casos
como este, consideramos importante a introdução dos
cuidados paliativos na maternidade e no acompanhamento da
gravidez e do luto por essas crianças. Um modelo inovador e
compassivo de cuidar da família a partir do momento do
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