Summary: | O presente artigo tem o objetivo de pensar as famílias compostas por mães lésbicas e filhos/as, apontar e discutir como as mesmas reproduzem, inovam e produzem formas de ser família, uma vez que são atravessadas por desdobramentos provenientes de direitos adquiridos, avanços das tecnologias reprodutivas, entre outros, em sociedades pautadas pela heteronormatividade. Foi realizada uma revisão bibliográfica que compreendeu estudos desenvolvidos no Reino Unido, na Bélgica, na Espanha, na França e no Brasil, com filhos/as criados/as por mães lésbicas, a partir dos anos 1980 até os dias de hoje. As pesquisas envolvendo filhos/as de mães lésbicas foram iniciadas na década de 1970 e impulsionados por argumentos relacionados ao prejuízo psicológico que essas crianças sofreriam ao serem criadas por mães homossexuais. Os resultados dos estudos apontaram, desde o início de sua realização, não haver distinções relevantes entre filhos/as criados/as em lares homoparentais e em lares heteroparentais. Após anos de estudos desenvolvidos, de lutas dos movimentos sociais, de busca por reconhecimento e igualdade que resultaram em conquistas de direitos, a afirmação da inexistência de diferenças significativas imperou. Será que nos dias de hoje, aproximadamente quarenta anos após os primeiros estudos sobre homoparentalidade, diferenças e singularidades ainda serão vistas como inferioridades? Entre a acomodação e a invenção, as famílias homoparentais femininas não perturbariam certas bases do modelo de parentesco euro-americano. Contudo, mais do que pensar somente em termos de reprodução ou inovação de um tipo de família dita tradicional, pode-se pensar em produção.
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