Summary: | Introdução: a peritonite meconial, como resultado da perfuração intestinal fetal, apresenta baixa incidência (1:30.000 nascimentos) e elevada mortalidade (em torno de 50%). Os achados ecográficos pré-natais incluem ascite e calcificações intra-abdominais. Há evidências de que o diagnóstico pré-natal possa melhorar o prognóstico pós-natal. Relato do Caso: R.C.M.S., 22 anos, II gesta O para, realizou ultra-sonografia em 02/12/98 com diagnóstico de ascite fetal. Fez investigação para hidropisia fetal, afastando-se causas imunes e não-imunes. Foram realizados ecografias seriadas em que se manteve a imagem de ascite fetal acentuada, sem calcificações. Parto normal em 02/01/99, com 36 semanas, observando-se volumoso poliidrâmnio. Recém-nascido do sexo feminino pesando 2.670 gramas, com sinais de desconforto respiratório, abdome distendido e com petéquias. Apresentou aumento progressivo da distensão abdominal, palpação de massa pétrea no hipocôndrio direito e eliminação de muco branco ao toque retal. Raios-x em 04/01/99 com imagem de extensas calcificações abdominais, distensão de alças intestinais e ausência de gás na ampola retal. Hipótese diagnóstica de peritonite meconial. Indicada laparotomia exploradora em 04/01/99, encontrando-se volumoso cisto meconial e atresia ileal, realizando-se lise de aderências e ileostomia em dupla boca. Evolução satisfatória nos primeiros dias de pós-operatório, complicada posteriormente por quadro séptico, verificando-se o óbito neonatal em 09/01/99. Conclusão: a peritonite meconial deve ser lembrada no diagnóstico diferencial das causas de ascite fetal. O diagnóstico pré-natal no presente caso poderia ter antecipado a indicação cirúrgica, com possível melhora da evolução neonatal.<br>Introduction: meconium peritonitis as result of fetal intestinal perforation has a low incidence (1:30,000 deliveries) and high mortality (50% or more). Prenatal ultrasound findings include fetal ascites and intra-abdominal calcifications. Evidence suggests that prenatal diagnosis can improve postnatal prognosis. Case Report: R.C.M.S., 22 years, II pregnancy O para, presented ultrasound (12/02/98) with diagnosis of fetal ascites. Investigation for hydrops fetalis was performed and immune and nonimmune causes were excluded. Severe fetal ascites persisted on subsequent ultrasound examinations, without calcifications. Vaginal delivery occurred at 36 weeks (01/02/99), with polyhydramnios. Female neonate weighing 2,670 g, with signs of respiratory distress, abdominal distension and petechiae. Abdominal distension worsened progressively, with palpation of a petrous tumor in the right upper quadrant and elimination of white mucus at rectal examination. Radiological findings (01/04/99) were disseminated abdominal calcifications, intestinal dilatation and absence of gas at rectal ampulla. Exploratory laparotomy was indicated with diagnosis of meconium peritonitis. A giant meconium cyst and ileal atresia were observed and lysis of adhesions and ileostomy were performed. Initial postoperative evolution was satisfactory but was subsequently complicated by sepsis and neonatal death occurred (01/09/99). Conclusion: meconium peritonitis should be remembered at differential diagnosis of fetal ascites. In the present case, surgical indication could be anticipated if prenatal diagnosis were established, with improvement of neonatal evolution.
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