A Revolução nas Notícias que ninguém nomeou
Em 2020, os debates correntes e académicos sobre o jornalismo nos Estados Unidos - e nos países em que foi significativamente influenciado pelo modelo norte-americano - assumiram que a “objetividade” é o ideal que orienta a atividade do jornalista. Mas essa assunção carece de fundamentação. No trab...
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Coimbra University Press
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doaj-80be47753a0c456ca2f33ae112a4f30f2020-11-25T03:41:09ZengCoimbra University PressMedia&Jornalismo1645-56812183-54622020-10-01203710.14195/2183-5462_37_1A Revolução nas Notícias que ninguém nomeouMichael Schudson0Columbia Journalism School Em 2020, os debates correntes e académicos sobre o jornalismo nos Estados Unidos - e nos países em que foi significativamente influenciado pelo modelo norte-americano - assumiram que a “objetividade” é o ideal que orienta a atividade do jornalista. Mas essa assunção carece de fundamentação. No trabalho conjunto com Katherine Fink (2004), defendi que nos Estados Unidos ocorreu uma transformação dramática nas práticas e ideais jornalísticos, que teve início no final dos anos 60 e que se consolidou a partir da década de 1970. Se nos anos 50 e 60 o modelo da “objetividade” é aplicável a cerca de 90% das notícias de primeira página dos principais jornais norte-americanos, no final dos anos 70 adequa-se a apenas 40-50% das notícias, sendo que as restantes peças remetem para o chamado jornalismo “contextual” ou “analítico”. Outros autores chegam à mesma conclusão no que concerne ao jornalismo norte-americano e outros ainda encontram mudanças similares em vários países da Europa. Por que razão jornalistas e historiadores do jornalismo não identificaram esta mudança? De que forma podemos compreender melhor esta transformação no âmbito do profissionalismo moderno, de um Profissionalismo 1.0 para um Profissionalismo 2.0 - uma revolução poderosa que foi anterior à revolução digital? Este ensaio procura dar resposta a estas questões. https://impactum-journals.uc.pt/mj/article/view/8980objetividadeprofissionalismojornalismo norte-americano |
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Em 2020, os debates correntes e académicos sobre o jornalismo nos Estados Unidos - e nos países em que foi significativamente influenciado pelo modelo norte-americano - assumiram que a “objetividade” é o ideal que orienta a atividade do jornalista. Mas essa assunção carece de fundamentação. No trabalho conjunto com Katherine Fink (2004), defendi que nos Estados Unidos ocorreu uma transformação dramática nas práticas e ideais jornalísticos, que teve início no final dos anos 60 e que se consolidou a partir da década de 1970. Se nos anos 50 e 60 o modelo da “objetividade” é aplicável a cerca de 90% das notícias de primeira página dos principais jornais norte-americanos, no final dos anos 70 adequa-se a apenas 40-50% das notícias, sendo que as restantes peças remetem para o chamado jornalismo “contextual” ou “analítico”. Outros autores chegam à mesma conclusão no que concerne ao jornalismo norte-americano e outros ainda encontram mudanças similares em vários países da Europa.
Por que razão jornalistas e historiadores do jornalismo não identificaram esta mudança? De que forma podemos compreender melhor esta transformação no âmbito do profissionalismo moderno, de um Profissionalismo 1.0 para um Profissionalismo 2.0 - uma revolução poderosa que foi anterior à revolução digital? Este ensaio procura dar resposta a estas questões.
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