Summary: | A descrição da estrutura e funcionamento da Casa de Salomão, o enorme colégio de cientistas da ilha utópica de Bensalém, parece ter sido o principal motivo que levou Francis Bacon, já nos últimos anos de sua vida, à composição da Nova Atlântida (1626), um de seus raros textos ficcionais. Todos os episódios que compõem este relato utópico parecem preparar o leitor para o conhecimento do maravilhoso mundo novo construído pela ciência, algo que Bacon pode apenas vislumbrar e do qual parece ter consciência de ser apenas o propulsor, o que talvez explique a escolha que faz deste gênero literário para a apresentação viva de ideias e projetos que vinha amadurecendo ao longo de sua vida. O objetivo deste artigo é, primeiramente, situar o pensamento baconiano em sua relação com algumas tendências latentes no contexto intelectual da Inglaterra pré-revolucionária – momento em que Bacon atinge o auge de sua produção filosófica e abre novas perspectivas para o surgimento da ciência moderna, além de uma nova imagem do homem de ciência –, para, em seguida, apresentar minha leitura da parte final da Nova Atlântida.
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