Summary: | Após um período inicial, onde as colónias agrícolas da Junta de Colonização Interna decorriam de um somatório de assentamentos de lavoura autónomos, sem um desígnio de estruturação territorial legível, a Junta desenvolveu, nas décadas seguintes – 1940 e 1950 –, um conjunto de assentamentos onde procurou desenvolver mecanismos de desenho que permitissem não só dotar os conjuntos de um sentido de legibilidade como de uma forte capacidade de inscrição territorial, apesar das suas reduzidas dimensões e da escassez de elementos construídos. A investigação recorre às qualidades do desenho de arquitectura para sistematizar a aparente diversidade existente nas várias colónias, e identificar e interpretar o princípio estabelecido para a implantação dos assentamentos. O princípio adquire especial densidade pelo modo como define um sistema que, permite responder a um povoamento disperso ou concentrado e garantindo uma economia de meios, explora o cruzamento de escalas – intervindo desde o desenho do território até ao desenho da casa –; recorre a dispositivos de implantação que derivam não só da leitura da génese dos assentamentos portugueses na sua relação com a topografia e condição dos lugares, como da estrutura de assentamentos agrícolas ancestrais Europeus, e incorpora temas de composição dos modelos de cidade desenvolvidos no final do século XIX – ‘Garden Cities’ e ‘Beautiful City’. A chave deste sistema prende-se com o novo papel atribuído ao ‘arruamento’. Dissipando custos de infra-estruturação, o ‘arruamento’ do assentamento dilui-se na estrada territorial estabelecendo uma continuidade de movimento que propõe um deambular contínuo, quer pela paisagem, quer pelo ‘assentamento’. Assim, a estruturação dos assentamentos baseia-se em formas impressas a uma ‘linha’, em detrimento de, por hipótese, uma ideia de ‘grelha’. Nos assentamentos dispersos, para além do ‘arruamento’, assiste-se ao resgatar de uma ideia de ‘porta’ e de ‘praça’. Estes três elementos deixam de se estruturar numa sequência contínua, cuja forma espacial decorre directamente da relação de cheio-vazio com o edificado, para se autonomizarem, assumindo-se como figuras, como ‘cheios’ que estabelecem relações à escala do grande espaço aberto do território, introduzindo, neste, elementos passíveis de garantir a sua legibilidade. Reconhecemos na flexibilidade desta estratégia um sentido operativo, e uma capacidade de debater o tema da legibilidade em condições espaciais análogas aquelas com que hoje nos debatemos, acreditamos que a experiência da JCI constitui um campo rico de aprendizagem para o exercício de projecto no território contemporâneo.
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