Os múltiplos extermínios dos corpos negros pela violência de linguagem: Uma reflexão das Fake News sobre Marielle Franco
A militância política, atualmente, tenta encontrar seu discurso na reivindicação, no desafio da injustiça e, talvez, na enunciação das minorias, tomando seu lugar nas interações políticas atuantes. Nesse sentido, a atuação de Marielle Franco marcou uma posição de enunciação (BENVENISTE, 2006), isto...
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Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura
2019-05-01
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doaj-7d678d0ffc964a37898345d0f29f74e52020-11-25T03:46:09ZspaCentro Latino-Americano de Estudos em CulturaRevista Latino Americana de Estudos em Cultura e Sociedade2525-78702019-05-015510.23899/relacult.v5i5.1585910Os múltiplos extermínios dos corpos negros pela violência de linguagem: Uma reflexão das Fake News sobre Marielle FrancoLudmila Pereira de Almeida0Universidade Federal de GoiásA militância política, atualmente, tenta encontrar seu discurso na reivindicação, no desafio da injustiça e, talvez, na enunciação das minorias, tomando seu lugar nas interações políticas atuantes. Nesse sentido, a atuação de Marielle Franco marcou uma posição de enunciação (BENVENISTE, 2006), isto é, o discurso-ato apropriou-se de um corpo politicamente ativo e falou por si, mesmo sendo nomeada de radical, por espaços e discursos dominantes. Seus enunciados tencionaram a conduta social do bom convívio e da cordialidade dos “cidadãos do bem”, os mostrando manifestantes de discursos de ódio. Com o assassinato de Franco ficou claro que, para sobreviver, pelo menos, a enunciação não pode ser um ato discursivo completo e, por conseguinte, não deve passar de um discurso generalizado ou esquivo da realidade. Após o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, o seu lugar de enunciação tentou ser contradito pela ideologia textual Fake News. As Fake News recortam questões reais para fazer enunciados infundamentados, com “seriedade informativa”, uma contra enunciação bem planejada e sustentada pela desinformação séria. Nessa perspectiva, nosso trabalho visa discutir os parâmetros discursivos das Fake News sobre Marielle Franco, considerando não só o seu ativismo, mas também o que o seu corpo simboliza face à estrutura social-racial brasileira (DJAMILA, 2015). Assim, propomos um olhar interseccional (CRENSHAW, 2002) sobre o corpo negro e as práticas de linguagem sobre ele que desembocam em contra enunciações, tensões e ideologias linguísticas que organizam o que é considerado “verdade”, e até quem pode/deve viver e morrer. Tanto que tal caso não é isolado, coincidentemente o homicídio de mulheres negras aumentou (MAPA DA VIOLÊNCIA, 2015) junto ao surgimento de movimentos sociais feministas e suas várias necessidades. Portanto, observamos o quanto as múltiplas execuções de um corpo-símbolo de esperança contra–hegemônica é projetado na mídia dominante, de forma que a construção colonial de uma memória, de um corpo físico e simbólico, passa a ser a representação de todo o grupo do qual faz parte.http://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/1585marielle francofake newscontra-enunciaçãodecolonialidade |
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A militância política, atualmente, tenta encontrar seu discurso na reivindicação, no desafio da injustiça e, talvez, na enunciação das minorias, tomando seu lugar nas interações políticas atuantes. Nesse sentido, a atuação de Marielle Franco marcou uma posição de enunciação (BENVENISTE, 2006), isto é, o discurso-ato apropriou-se de um corpo politicamente ativo e falou por si, mesmo sendo nomeada de radical, por espaços e discursos dominantes. Seus enunciados tencionaram a conduta social do bom convívio e da cordialidade dos “cidadãos do bem”, os mostrando manifestantes de discursos de ódio. Com o assassinato de Franco ficou claro que, para sobreviver, pelo menos, a enunciação não pode ser um ato discursivo completo e, por conseguinte, não deve passar de um discurso generalizado ou esquivo da realidade. Após o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, o seu lugar de enunciação tentou ser contradito pela ideologia textual Fake News. As Fake News recortam questões reais para fazer enunciados infundamentados, com “seriedade informativa”, uma contra enunciação bem planejada e sustentada pela desinformação séria. Nessa perspectiva, nosso trabalho visa discutir os parâmetros discursivos das Fake News sobre Marielle Franco, considerando não só o seu ativismo, mas também o que o seu corpo simboliza face à estrutura social-racial brasileira (DJAMILA, 2015). Assim, propomos um olhar interseccional (CRENSHAW, 2002) sobre o corpo negro e as práticas de linguagem sobre ele que desembocam em contra enunciações, tensões e ideologias linguísticas que organizam o que é considerado “verdade”, e até quem pode/deve viver e morrer. Tanto que tal caso não é isolado, coincidentemente o homicídio de mulheres negras aumentou (MAPA DA VIOLÊNCIA, 2015) junto ao surgimento de movimentos sociais feministas e suas várias necessidades. Portanto, observamos o quanto as múltiplas execuções de um corpo-símbolo de esperança contra–hegemônica é projetado na mídia dominante, de forma que a construção colonial de uma memória, de um corpo físico e simbólico, passa a ser a representação de todo o grupo do qual faz parte. |
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