Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus

Em 2014, foi criado no Brasil o Grupo de Trabalho Perus (GTP), uma equipe forense multidisciplinar dedicada à identificação dos remanescentes ósseos exumados, em 1990, da Vala de Perus. Por este nome, ficou conhecida a sepultura coletiva clandestina localizada no Cemitério Municipal Dom Bosco, no ba...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Desirée de Lemos Azevedo
Format: Article
Language:English
Published: UPV/EHU Press 2019-09-01
Series:Papeles del CEIC: International Journal on Collective Identity Research
Subjects:
Online Access:https://ojs.ehu.eus/index.php/papelesCEIC/article/view/20389
id doaj-79bd43e7f9f447068130702d2574367c
record_format Article
spelling doaj-79bd43e7f9f447068130702d2574367c2021-02-05T13:20:02ZengUPV/EHU PressPapeles del CEIC: International Journal on Collective Identity Research1695-64942019-09-0120192http://dx.doi.org/10.1387/pceic.20389Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de PerusDesirée de Lemos Azevedo0https://orcid.org/0000-0002-0266-6258Universidade Federal de São Paulo (Brasil)Em 2014, foi criado no Brasil o Grupo de Trabalho Perus (GTP), uma equipe forense multidisciplinar dedicada à identificação dos remanescentes ósseos exumados, em 1990, da Vala de Perus. Por este nome, ficou conhecida a sepultura coletiva clandestina localizada no Cemitério Municipal Dom Bosco, no bairro de Perus, em São Paulo. Descoberta no final dos anos 1970, ela é a mais importante das valas comuns denunciadas como destino final de militantes desaparecidos pela Ditadura (1964-1985). É também a única a receber atenção científica e institucional. A partir de pesquisa etnográfica realizada junto ao GTP, este artigo analisa o processo de identificação posto em curso pela equipe, decompondo suas etapas, procedimentos, práticas e documentos. A partir dos dados apresentados, argumento que o objetivo da identificação é escrutinar o conjunto ósseo para dele destacar alguns corpos aos quais serão atribuídos identidade política. Discuto três aspectos do processo: a humanização dos remanescentes a partir de seu tratamento científico; a identificação como um processo classificatório; e a materialidade como geradora de verdades científicas relacionadas a processos de formação do Estado Nacional e de gestão de populações.https://ojs.ehu.eus/index.php/papelesCEIC/article/view/20389desaparecimento; identificação; violência política; direitos humanos
collection DOAJ
language English
format Article
sources DOAJ
author Desirée de Lemos Azevedo
spellingShingle Desirée de Lemos Azevedo
Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus
Papeles del CEIC: International Journal on Collective Identity Research
desaparecimento; identificação; violência política; direitos humanos
author_facet Desirée de Lemos Azevedo
author_sort Desirée de Lemos Azevedo
title Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus
title_short Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus
title_full Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus
title_fullStr Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus
title_full_unstemmed Os Mortos Não Pesam Todos o Mesmo. Uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da Vala de Perus
title_sort os mortos não pesam todos o mesmo. uma reflexão sobre atribuição de identidade política às ossadas da vala de perus
publisher UPV/EHU Press
series Papeles del CEIC: International Journal on Collective Identity Research
issn 1695-6494
publishDate 2019-09-01
description Em 2014, foi criado no Brasil o Grupo de Trabalho Perus (GTP), uma equipe forense multidisciplinar dedicada à identificação dos remanescentes ósseos exumados, em 1990, da Vala de Perus. Por este nome, ficou conhecida a sepultura coletiva clandestina localizada no Cemitério Municipal Dom Bosco, no bairro de Perus, em São Paulo. Descoberta no final dos anos 1970, ela é a mais importante das valas comuns denunciadas como destino final de militantes desaparecidos pela Ditadura (1964-1985). É também a única a receber atenção científica e institucional. A partir de pesquisa etnográfica realizada junto ao GTP, este artigo analisa o processo de identificação posto em curso pela equipe, decompondo suas etapas, procedimentos, práticas e documentos. A partir dos dados apresentados, argumento que o objetivo da identificação é escrutinar o conjunto ósseo para dele destacar alguns corpos aos quais serão atribuídos identidade política. Discuto três aspectos do processo: a humanização dos remanescentes a partir de seu tratamento científico; a identificação como um processo classificatório; e a materialidade como geradora de verdades científicas relacionadas a processos de formação do Estado Nacional e de gestão de populações.
topic desaparecimento; identificação; violência política; direitos humanos
url https://ojs.ehu.eus/index.php/papelesCEIC/article/view/20389
work_keys_str_mv AT desireedelemosazevedo osmortosnaopesamtodosomesmoumareflexaosobreatribuicaodeidentidadepoliticaasossadasdavaladeperus
_version_ 1724283626687823872