Summary: | Um dos mais preocupantes problemas no contexto da Reforma Psiquiátrica são os moradores dos hospitais psiquiátricos (pacientes institucionalizados por um ano ou mais). As longas internações evidenciam a situação de abandono e podem descompensar transtornos psiquiátricos. O objetivo deste artigo é traçar o perfil sociodemográfico e clínico da população dos moradores de hospitais psiquiátricos do Estado do Ceará. Trata- se de um estudo transversal, baseado em revisões de prontuários, entrevistas e aplicação de escalas (índice de Katz e PANSS). Dos 39 participantes, a maioria era homem, solteiro e em idade economicamente ativa. Da maioria não se dispõe dados sobre a escolaridade (69,2%) e a religião (66,7%); e 12,8% têm o estado civil ignorado. Cerca de ¾ não recebiam visitas de amigos ou familiares. Dois terços mantêm independência total para a realização de AVD (Atividades de Vida Diária). A maioria estava internada por transtorno psicótico primário (76,8%). Nesses pacientes, destacava-se a exuberância de sintomas negativos, configurando uma síndrome negativa em 96,7% dos casos. O estudo destaca a situação de abandono e perda de cidadania dos pacientes cronicamente institucionalizados. Questiona-se até que ponto os hospitais estão preparados para oferecer-lhes a devida assistência.
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