A falácia da neutralidade na pesquisa e na educação

Problematizamos, neste estudo, a tradição e a emergência recente da propalada neutralidade na pesquisa e na educação. O objetivo é contribuir com o debate em torno das implicações filosóficas, sociais e políticas de propostas educacionais que desconsideram o envolvimento das pessoas e de suas utopia...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Felipe Gustsack, Sérgio Schaefer
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Editora da Universidade de Santa Cruz do Sul 2018-08-01
Series:Reflexão & Ação
Subjects:
Online Access:https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/8741
Description
Summary:Problematizamos, neste estudo, a tradição e a emergência recente da propalada neutralidade na pesquisa e na educação. O objetivo é contribuir com o debate em torno das implicações filosóficas, sociais e políticas de propostas educacionais que desconsideram o envolvimento das pessoas e de suas utopias nas atividades que envolvem a pesquisa e a educação como ação do ser humano no mundo. Nossas reflexões decorreram de pesquisa de base bibliográfica, com pequenos aportes de periódicos e documentos da área da educação. A intenção foi abordar o tema da falácia da neutralidade inicialmente a partir de conceitos específicos para chegar a uma compreensão mais ampla e suas implicações para a escola e a educação. Tratando dos sentidos das palavras com as quais se registra o próprio tema, especialmente quanto ao seu significado gramatical, semântico, dicionarizado, propusemos chegar aos sentidos mais complexos nos quais tratamos das suas implicações históricas, sociais e políticas. Nossas principais referências teóricas foram Hilton Japiassu (1975), o Projeto de Lei nº 867/2015, Citelli (2002), Bourdieu (2003), a LDB (BRASIL, 1996), Florestan Fernandes (1980), Paulo Freire (1989; 1990); Edgar Morin (2007) e Boaventura de Souza Santos (1987), entre outros. As conclusões dão conta de que não apenas é impossível a neutralidade na pesquisa e na educação, bem como confirmam a tese de que defender a sua possibilidade é pura falácia. Em consequência, isso nos leva à responsabilidade, por um lado, com o repensar nossas práticas científicas, pedagógicas e políticas como processos profunda e complexamente imbricados, interdependentes e complementares. E, por outro lado, a assumir o compromisso de dessacralizar os afazeres científicos aproximando-os do cotidiano das pessoas.
ISSN:0103-8842
1982-9949