Summary: | <p>A partir de um contexto sócio-histórico-cultural identificado como era das catástrofes, se faz recorrente uma forma de escrita de si que tematiza o trauma histórico numa intrínseca relação com a memória transmitida pelo laço intergeracional. A narrativa de filiação, como conceituado por Dominique Viart, é um fenômeno do fazer literário dos dias presentes, observável em diferentes culturas no mundo globalizado. Buscamos, nesse espaço de discussão, observar as possíveis relações entre as escritas de si, o trauma histórico e a memória transgeracional destacando na obra Em nome dos pais de Matheus Leitão os traços da narrativa de filiação postulados por Viart. Denotamos, em linhas gerais, que a narrativa de filiação, como perceptível na referida obra, delineia uma forma contemporânea de fazer literário comprometido em usar a autorreferência para romper o silêncio, as interdições e, numa percepção amplamente transitiva de literatura, narrar aquilo que é da ordem do inenarrável.</p>
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