Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo
Neste artigo, discuto a"farmaceuticalização" da saúde mental no Brasil e registro os efeitos coletareis sociais e subjetivos que resultam do uso de novas tecnologias médicas em contextos urbanos de baixa renda. Analiso como uma mulher jovem e abandonada chamada Catarina reflete sobre os p...
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Universidade de São Paulo (USP)
2008-01-01
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doaj-746a5c4169de46d5a8ca69628c1548282020-11-25T03:01:48ZporUniversidade de São Paulo (USP)Revista de Antropologia0034-77011678-98572008-01-0151210.1590/S0034-77012008000200002 Antropologia do devir: psicofármacos - abandono social - desejo João Biehl0Princeton University Neste artigo, discuto a"farmaceuticalização" da saúde mental no Brasil e registro os efeitos coletareis sociais e subjetivos que resultam do uso de novas tecnologias médicas em contextos urbanos de baixa renda. Analiso como uma mulher jovem e abandonada chamada Catarina reflete sobre os psicofármacos - a constelação de drogas para a qual foi levada - e como busca encontrar, sobretudo através da escrita, uma alternativa para o experimento mortal no qual literalmente se transforrmou. Ela afirma que sua"ex-família" a vê como um tratamento médico que não deu certo. A família depende desta explicação para se desculpar por tê-la abandonado. Em seus próprios termos:"Querer meu corpo como um remédio, meu corpo." A vida de Catarina, portanto, conta uma história mais ampla sobre a mudança de um sistema de valores e o destino dos laços sociais no atual modo de subjetivação dominante a serviço do capitalismo e da ciência global. Mas a linguagem e o desejo permanecem e Catarina integra sua experiência com as drogas numa nova percepção de si e em seu trabalho literário. Sua "literatura menor" sustenta uma ética etnográfica e nos dá um sentido de devir que os modelos dominantes de saúde considerariam impossíveis. http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/27285ciência médica e capitalismosubjetividade e sublimaçãoteoria etnográfica |
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Neste artigo, discuto a"farmaceuticalização" da saúde mental no Brasil e registro os efeitos coletareis sociais e subjetivos que resultam do uso de novas tecnologias médicas em contextos urbanos de baixa renda. Analiso como uma mulher jovem e abandonada chamada Catarina reflete sobre os psicofármacos - a constelação de drogas para a qual foi levada - e como busca encontrar, sobretudo através da escrita, uma alternativa para o experimento mortal no qual literalmente se transforrmou. Ela afirma que sua"ex-família" a vê como um tratamento médico que não deu certo. A família depende desta explicação para se desculpar por tê-la abandonado. Em seus próprios termos:"Querer meu corpo como um remédio, meu corpo." A vida de Catarina, portanto, conta uma história mais ampla sobre a mudança de um sistema de valores e o destino dos laços sociais no atual modo de subjetivação dominante a serviço do capitalismo e da ciência global. Mas a linguagem e o desejo permanecem e Catarina integra sua experiência com as drogas numa nova percepção de si e em seu trabalho literário. Sua "literatura menor" sustenta uma ética etnográfica e nos dá um sentido de devir que os modelos dominantes de saúde considerariam impossíveis. |
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