Crescimento urbano espontâneo e riscos naturais na cidade da Praia (Cabo Verde)

O arquipélago de Cabo Verde encontra-se sujeito a uma grande diversidade de riscos naturais, os quais se devem, fundamentalmente, à posição geográfica do país, que lhe confere condições de acentuada aridez climática com forte irregularidade nas precipitações. Não só os riscos de seca são intrínsecos...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Sílvia Monteiro, Élsio Veiga, Éder Fernandes, Hermelindo Fernandes, Jair Rodrigues, Lúcio Cunha
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Coimbra University Press 2012-09-01
Series:Cadernos de Geografia
Subjects:
Online Access:https://impactum-journals.uc.pt/cadernosgeografia/article/view/2405
Description
Summary:O arquipélago de Cabo Verde encontra-se sujeito a uma grande diversidade de riscos naturais, os quais se devem, fundamentalmente, à posição geográfica do país, que lhe confere condições de acentuada aridez climática com forte irregularidade nas precipitações. Não só os riscos de seca são intrínsecos a esta posição climática mas também outros, como a desertificação, a erosão acelerada dos solos, as cheias e inundações, os movimentos em massa nas vertentes e as tempestades, com um impacte muito nefasto nas vidas das populações. A par desta elevada perigosidade intrínseca, verifica-se um acréscimo significativo das vulnerabilidades particularmente nas áreas urbanas em expansão, o que impulsiona um incremento do risco no território cabo-verdiano. A população das principais cidades, principalmente da capital (Praia), tem sofrido um crescimento muito acelerado nos últimos anos, albergando atualmente cerca de 27% da população nacional. Este crescimento tem sido fomentado tanto pelos fluxos migratórios internos (êxodo rural e migração das restantes ilhas) como externos, provenientes dos países vizinhos da África Ocidental. O ritmo acelerado do crescimento populacional na capital não tem sido acompanhado por políticas e/ou programas habitacionais capazes de dar uma resposta eficaz à procura de habitação. Consequência disso é a proliferação de bairros espontâneos nos subúrbios da capital, bairros em que as construções surgem da noite para o dia, sem obedecer a qualquer tipo de planeamento e sem dotação de infraestruturas básicas. Estes bairros ilegais de ocupação espontânea localizam-se, na sua maioria, em áreas de risco muito elevado (principalmente nos leitos de cheia das ribeiras e em vertentes de elevado declive), sendo ocupados fundamentalmente por uma população de muito baixo rendimento. Neste trabalho, pretendemos apresentar alguns casos concretos, como os dos bairros de Santa Rosa, Jamaica e Achada Grande Frente.
ISSN:0871-1623
2183-4016