A ENFERMEIRA ONDINA MIRANDA DE SOUZA E SUA PARTICIPAÇÃO NA 2ª GUERRA MUNDIAL
INTRODUÇÃO: A 2ª Guerra Mundial tem suas origens no Tratado de Versalhes assinado ao fim da 1ª Guerra Mundial e impunha aos países derrotados, principalmente a Alemanha, duras sanções e indenizações, gerando uma crise econômica e social que permitiu em 1933 que o partido Nacional Socialista acendess...
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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
2011-01-01
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INTRODUÇÃO:
A 2ª Guerra Mundial tem suas origens no Tratado de Versalhes assinado ao fim da 1ª Guerra Mundial e impunha aos países derrotados, principalmente a Alemanha, duras sanções e indenizações, gerando uma crise econômica e social que permitiu em 1933 que o partido Nacional Socialista acendesse ao poder, com idéias que visavam o expansionismo e a união do povo germânico. Baseados em suas idéias e com o apoio da população, a Alemanha anexa a Áustria e Tchecoslováquia. Contudo, a 2ª Guerra mundial só se iniciaria em 1939 com a invasão da Polônia, obrigando assim que Inglaterra e França entrassem no conflito (HOBSBAWN, 1995). O conflito se tornaria global com a entrada dos Estados Unidos em dezembro de 1941.
Durante a década de 1930 o Brasil possuía intensas relações políticas e econômicas com a Alemanha e com a Itália, países do Eixo. O Governo Estado Novista manteve uma posição ambígua, flertando ora com os países do Eixo ora com os Estado Unidos, procurando obter vantagens econômicas, militares e estruturais para o País. Em agosto de 1942 o governo Vargas a declara estado de guerra contra os países do Eixo. Em 1944, o Brasil envia a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Esta decisão potencializou a preocupação de diversos setores da sociedade afinal, a 2ª Guerra Mundial estreava o conceito de Guerra Total. O setor saúde não se absteve e logo se posicionou como um dos setores mais ativos do esforço de guerra. Dentro desse contexto e por exigência do Exército Americano, em 13 de dezembro de 1943, instituiu-se o Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército, objetivando a formação de mulheres para atuarem como Enfermeiras em situações de guerra. A participação e aprovação no curso era a condição para integrar o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército. Para se inscrever era preciso ser brasileira nata, solteira ou viúva sem filhos, ter idade de 20 a 40 anos, possuir diploma de Enfermeira (curso com três anos de duração ministrados por instituições que seguiam a regulamentação federal) ou certificado de curso de sanitarista (curso de duração de dois anos) ou voluntária socorrista ou ainda declaração de um estabelecimento atestando que a candidata exercia função de Enfermeira (CYTRYNOWICZ, R. 2000, p.109). Alguns meses depois, alteraram-se algumas condições, aceitando-se também mulheres desquitadas; a idade mudou para 22 a 45 anos e foram admitidas mulheres casadas desde que tivessem autorização do marido. Os cursos preparatórios tiveram a duração de seis semanas e comportaram três módulos distintos. Após término do curso, as alunas foram classificadas, e aquelas consideradas habilitadas foram relacionadas como militares da reserva e após serem convocadas para integrar uma força operacional eram consideradas militares da ativa. Dentre essas bravas mulheres enviadas ao conflito, uma despertou interesse especial por ter realizado sua formação na então Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto, Ondina Miranda de Souza.
OBJETIVO:
Descrever os dados pessoais e de formação da Biografada; analisar as atividades desempenhadas por Ondina Miranda de Souza no front da 2ª Guerra Mundial e comentar a trajetória dessa Enfermeira no conflito internacional como contribuição para a História da Enfermagem, em especial, para a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/UNIRIO.
METODOLOGIA
O estudo baseia-se na História Nova (LE GOFF, 1990), que permite novas abordagens, novos problemas e novos objetos para a História. O metódo utilizado foi o estudo Histórico-Biográfico circunstanciado (ABREU e BELOCH, 2001). Os documentos escritos utilizados foram: histórico escolar, uma carta de apresentação para ingresso no curso de Enfermagem, requerimentos feitos pela biografada a secretaria da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, documentos publicados no Diário Oficial da União e discursos oficiais que foram articulados à literatura de aproximação com a temática do estudo e ao objeto de estudo. Foram articulados e triangulados pela técnica de triangulação de fontes (POLIT, HUNGLER, 1995). Nesta perspectiva, os documentos ofereceram inferências e assertivas, com base em três eixos: dados pessoais de Ondina Miranda de Souza, a Enfermeira Ondina Miranda de Souza na 2ª Guerra Mundial e a sua contribuição para a construção da História da Enfermagem, em especial, para a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto.
RESULTADOS
Ondina Miranda de Souza nasceu no dia 23 de novembro de 1911 na cidade de Niterói, filha de Luiz Lopes de Souza e Adélia Miranda de Souza. A moradora da Rua Baronesa nº 41, matriculou-se aos 19 anos de idade na Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto em 3 de março de 1931,após aprovação no exame de admissão,ingressando então na seção feminina da Instituição. Em 1932 quando iria cursar o segundo ano pede afastamento da Instituição retorna aos estudos aos 23 anos de idade no ano de 1935, quando pede transferência para a seção “mixta. Em 30 de dezembro de 1935 recebe o diploma de Enfermeira profissional. Em 1944, a biografada ingressou na primeira turma do Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército e formando-se em 25 de março de 1944 sendo convocada oficialmente para o front militar em 22 de abril do mesmo ano. Em 29 de outubro de 1944 embarca com destino à Itália, materializando sua presença no conflito internacional, após cruzar o oceano atlântico, apresentou-se pronta para o serviço em 17 de novembro de 1944 no 7th Station Hospital, em Livorno. O Serviço de Saúde entendeu que o trabalho da enfermeira seria necessário também no 16th Evacuation Hospital, em Pistóia; no 15th Evacuation Hospital, em Corvela e no 38th Evacuation Hospital, na região de Marzabotto e Perolla. (VALADARES, 1976. p.116). Uma das primeiras dificuldades vividas pela biografada, assim como as outras enfermeiras febianas foi à inadequação do uniforme fornecido pelo Exército Brasileiro ao trabalho de assistência aos pacientes. Este fato foi solucionado ao se “permitir o uso do uniforme das enfermeiras americanas durante o trabalho no hospital”. (SILVEIRA, 2000; BERNARDES, 2004). Prestou assistência não só aos soldados brasileiros, mas atendendo também a soldados de outras nacionalidades e muitas vezes até aos inimigos, em “exaustivos plantões noturnos que duravam às vezes 16 horas ou mais”. (VALADARES, 1976. p.116) Foi obrigada a baixar em duas ocasiões por motivo de saúde, mas fora “permitido a sua volta ao serviço depois de pedido formalizado pela própria Enfermeira aos superiores hierárquicos” (VALADARES, 1976. p.116) Foi licenciada em 23 de junho de 1945 sendo, posteriormente, desmobilizada ainda em solo italiano por força do Aviso Ministerial deixando por isso, de ser militar.
Em solo brasileiro foi condecorada pelo Exercito Brasileiro com a Medalha de Guerra e a Medalha de Campanha, a cerimônia realizou-se na Policlínica Militar do Rio de Janeiro, fato que demonstrava o reconhecimento que as Enfermeiras conseguiram obter por parte do Governo e por toda sociedade civil. Abriu as portas para todas as mulheres que posteriormente ingressariam nas Forças Armadas Brasileiras, “uma vez que foi o primeiro grupo na história a ser incorporado oficialmente aos quadros das Forças Armadas” (CYTRYNOWICZ, 2000, p.91). Ademais, “(...) não mais se trata de discutir a participação crescente da mulher nas lides antes reservadas ao homem. Sua inteligência e seu trabalho já não constituem um caso à parte que merece uma classificação especial, um atributo de “slogan”. O fato entra naturalmente no rol dos acontecimentos quotidianos, perdendo o ar isolado de novidade (...)” (NAÇÃO ARMADA, 1945, p.161, in CYTRYNOWICZ, 2000, p.91).
Para a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto ter uma de suas egressas envolvidas num momento histórico fez com que parte das atenções retornasse para esta instituição de ensino, permitindo a reafirmação de sua posição como Pioneira na Profissionalização da Enfermagem no país num momento em que a Escola se encontrava em plena reformulação promovida pela então Diretora D. Maria de Castro Pamphiro, a primeira enfermeira na direção da Escola o que representava uma mudança de paradigma.
A Enfermeira Ondina lutou e venceu varias batalhas, mas sucumbiu a derradeira batalha, a batalha contra o tempo, a qual todos estamos fadados a perder. Contudo deixou grandes contribuições para o espírito da Enfermagem, e para tal deve ser sempre lembrada.
CONCLUSÃO
Podemos averiguar que os serviços da Enfermeira Ondina Miranda de Souza, foram de grandes préstimos a sua Pátria e aos seus compatriotas, e que ajudaram de sobremaneira para a libertação da Itália do jugo nazista. Estes fatos aumentaram a curiosidade sobre a vida desta mulher, que logo se transformou em admiração. Em 1957, o Congresso Nacional promulgou a Lei que incluiu no Serviço de Saúde do Exército aquelas enfermeiras que participaram da Força Expedicionária Brasileira, no posto de 2º tenente, importante precedente para o ingresso efetivo do segmento feminino nas Forças Armadas do Brasil, possibilitando o sonho de inúmeras mulheres que desejam ansiosamente ingressar nas forças armadas.
Este estudo veio dar luz a uma personagem ícone de uma escola e de uma profissão que deve servir de espelho a todos os alunos da atual Escola de Enfermagem Alfredo Pinto bem como, a todos os profissionais de Enfermagem do Brasil, pois seus atos nos mostram como o amor a pátria e a uma profissão, pode traspor barreiras e quebrar paradigmas, instalando uma nova fronteira. Ademais Ondina: mulher, Brasileira, Enfermeira, cumpriu sua missão de forma maravilhosa, com patriotismo, bravura, honra e acima de tudo, com muito amor.
REFERÊNCIAS BIBLIOFRAGICAS:
1. HOBSBAWM, E; Era dos Extremos: O breve século XX 1914-1991; 2ª ed., Santarrita, M, tradutor; Paoli, MC, revisão técnica. São Paulo: Companhia das Letras. 1995. 598 p.
2. CYTRYNOWICZ, R; ‘A serviço da pátria: a mobilização das enfermeiras no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial’. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, VII(1): 73-91, mar.-jun. 2000.
3. BERNARDES, MR, LOPES, GT, SANTOS, TCF. O Grupamento Feminino de Enfermagem do Exercito na Força Expedicionária Brasileira Durante a 2ª Guerra Mundial: Uma Abordagem Sob o Olhar Fotográfico (1942-1945); Dissertação de Mestrado UERJ, 2004.
4. SILVEIRA, JX; A FEB por um soldado. Rio de Janeiro: Expressão e cultura, 2000, 353 p.
5. VALARADES, AP; Álbum Biográfico das Febianas. Pesquisa da II Grande Guerra Mundial, (Batatais- São Paulo). Rio de Janeiro: Mauro Familiar, 1976. 116 p.
6. LE GOFF, J; A Historia Nova. Ao Paulo (SP): Martins Fontes, 1990.
7. ABREU, AA; BELOCHI,I; Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro pós 1930. Rio de Janeiro: FGV; 2001.
8. POLIT, DF; HUNGLER, BP; Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem. Porto Alegre: Artes Medicas, 1995.
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doaj-724dde4b99564157999d7a9be7d827402021-06-09T14:20:08ZengUniversidade Federal do Estado do Rio de JaneiroRevista de Pesquisa : Cuidado é Fundamental Online1809-61072175-53612011-01-01A ENFERMEIRA ONDINA MIRANDA DE SOUZA E SUA PARTICIPAÇÃO NA 2ª GUERRA MUNDIALAntonio Campello0Fernando Rocha Porto1UNIRIOUniversidade Federal Do Estado do Rio de Janeio- UNIRIOINTRODUÇÃO: A 2ª Guerra Mundial tem suas origens no Tratado de Versalhes assinado ao fim da 1ª Guerra Mundial e impunha aos países derrotados, principalmente a Alemanha, duras sanções e indenizações, gerando uma crise econômica e social que permitiu em 1933 que o partido Nacional Socialista acendesse ao poder, com idéias que visavam o expansionismo e a união do povo germânico. Baseados em suas idéias e com o apoio da população, a Alemanha anexa a Áustria e Tchecoslováquia. Contudo, a 2ª Guerra mundial só se iniciaria em 1939 com a invasão da Polônia, obrigando assim que Inglaterra e França entrassem no conflito (HOBSBAWN, 1995). O conflito se tornaria global com a entrada dos Estados Unidos em dezembro de 1941. Durante a década de 1930 o Brasil possuía intensas relações políticas e econômicas com a Alemanha e com a Itália, países do Eixo. O Governo Estado Novista manteve uma posição ambígua, flertando ora com os países do Eixo ora com os Estado Unidos, procurando obter vantagens econômicas, militares e estruturais para o País. Em agosto de 1942 o governo Vargas a declara estado de guerra contra os países do Eixo. Em 1944, o Brasil envia a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Esta decisão potencializou a preocupação de diversos setores da sociedade afinal, a 2ª Guerra Mundial estreava o conceito de Guerra Total. O setor saúde não se absteve e logo se posicionou como um dos setores mais ativos do esforço de guerra. Dentro desse contexto e por exigência do Exército Americano, em 13 de dezembro de 1943, instituiu-se o Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército, objetivando a formação de mulheres para atuarem como Enfermeiras em situações de guerra. A participação e aprovação no curso era a condição para integrar o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército. Para se inscrever era preciso ser brasileira nata, solteira ou viúva sem filhos, ter idade de 20 a 40 anos, possuir diploma de Enfermeira (curso com três anos de duração ministrados por instituições que seguiam a regulamentação federal) ou certificado de curso de sanitarista (curso de duração de dois anos) ou voluntária socorrista ou ainda declaração de um estabelecimento atestando que a candidata exercia função de Enfermeira (CYTRYNOWICZ, R. 2000, p.109). Alguns meses depois, alteraram-se algumas condições, aceitando-se também mulheres desquitadas; a idade mudou para 22 a 45 anos e foram admitidas mulheres casadas desde que tivessem autorização do marido. Os cursos preparatórios tiveram a duração de seis semanas e comportaram três módulos distintos. Após término do curso, as alunas foram classificadas, e aquelas consideradas habilitadas foram relacionadas como militares da reserva e após serem convocadas para integrar uma força operacional eram consideradas militares da ativa. Dentre essas bravas mulheres enviadas ao conflito, uma despertou interesse especial por ter realizado sua formação na então Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto, Ondina Miranda de Souza. OBJETIVO: Descrever os dados pessoais e de formação da Biografada; analisar as atividades desempenhadas por Ondina Miranda de Souza no front da 2ª Guerra Mundial e comentar a trajetória dessa Enfermeira no conflito internacional como contribuição para a História da Enfermagem, em especial, para a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/UNIRIO. METODOLOGIA O estudo baseia-se na História Nova (LE GOFF, 1990), que permite novas abordagens, novos problemas e novos objetos para a História. O metódo utilizado foi o estudo Histórico-Biográfico circunstanciado (ABREU e BELOCH, 2001). Os documentos escritos utilizados foram: histórico escolar, uma carta de apresentação para ingresso no curso de Enfermagem, requerimentos feitos pela biografada a secretaria da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, documentos publicados no Diário Oficial da União e discursos oficiais que foram articulados à literatura de aproximação com a temática do estudo e ao objeto de estudo. Foram articulados e triangulados pela técnica de triangulação de fontes (POLIT, HUNGLER, 1995). Nesta perspectiva, os documentos ofereceram inferências e assertivas, com base em três eixos: dados pessoais de Ondina Miranda de Souza, a Enfermeira Ondina Miranda de Souza na 2ª Guerra Mundial e a sua contribuição para a construção da História da Enfermagem, em especial, para a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto. RESULTADOS Ondina Miranda de Souza nasceu no dia 23 de novembro de 1911 na cidade de Niterói, filha de Luiz Lopes de Souza e Adélia Miranda de Souza. A moradora da Rua Baronesa nº 41, matriculou-se aos 19 anos de idade na Escola Profissional de Enfermeiras Alfredo Pinto em 3 de março de 1931,após aprovação no exame de admissão,ingressando então na seção feminina da Instituição. Em 1932 quando iria cursar o segundo ano pede afastamento da Instituição retorna aos estudos aos 23 anos de idade no ano de 1935, quando pede transferência para a seção “mixta. Em 30 de dezembro de 1935 recebe o diploma de Enfermeira profissional. Em 1944, a biografada ingressou na primeira turma do Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército e formando-se em 25 de março de 1944 sendo convocada oficialmente para o front militar em 22 de abril do mesmo ano. Em 29 de outubro de 1944 embarca com destino à Itália, materializando sua presença no conflito internacional, após cruzar o oceano atlântico, apresentou-se pronta para o serviço em 17 de novembro de 1944 no 7th Station Hospital, em Livorno. O Serviço de Saúde entendeu que o trabalho da enfermeira seria necessário também no 16th Evacuation Hospital, em Pistóia; no 15th Evacuation Hospital, em Corvela e no 38th Evacuation Hospital, na região de Marzabotto e Perolla. (VALADARES, 1976. p.116). Uma das primeiras dificuldades vividas pela biografada, assim como as outras enfermeiras febianas foi à inadequação do uniforme fornecido pelo Exército Brasileiro ao trabalho de assistência aos pacientes. Este fato foi solucionado ao se “permitir o uso do uniforme das enfermeiras americanas durante o trabalho no hospital”. (SILVEIRA, 2000; BERNARDES, 2004). Prestou assistência não só aos soldados brasileiros, mas atendendo também a soldados de outras nacionalidades e muitas vezes até aos inimigos, em “exaustivos plantões noturnos que duravam às vezes 16 horas ou mais”. (VALADARES, 1976. p.116) Foi obrigada a baixar em duas ocasiões por motivo de saúde, mas fora “permitido a sua volta ao serviço depois de pedido formalizado pela própria Enfermeira aos superiores hierárquicos” (VALADARES, 1976. p.116) Foi licenciada em 23 de junho de 1945 sendo, posteriormente, desmobilizada ainda em solo italiano por força do Aviso Ministerial deixando por isso, de ser militar. Em solo brasileiro foi condecorada pelo Exercito Brasileiro com a Medalha de Guerra e a Medalha de Campanha, a cerimônia realizou-se na Policlínica Militar do Rio de Janeiro, fato que demonstrava o reconhecimento que as Enfermeiras conseguiram obter por parte do Governo e por toda sociedade civil. Abriu as portas para todas as mulheres que posteriormente ingressariam nas Forças Armadas Brasileiras, “uma vez que foi o primeiro grupo na história a ser incorporado oficialmente aos quadros das Forças Armadas” (CYTRYNOWICZ, 2000, p.91). Ademais, “(...) não mais se trata de discutir a participação crescente da mulher nas lides antes reservadas ao homem. Sua inteligência e seu trabalho já não constituem um caso à parte que merece uma classificação especial, um atributo de “slogan”. O fato entra naturalmente no rol dos acontecimentos quotidianos, perdendo o ar isolado de novidade (...)” (NAÇÃO ARMADA, 1945, p.161, in CYTRYNOWICZ, 2000, p.91). Para a Escola de Enfermagem Alfredo Pinto ter uma de suas egressas envolvidas num momento histórico fez com que parte das atenções retornasse para esta instituição de ensino, permitindo a reafirmação de sua posição como Pioneira na Profissionalização da Enfermagem no país num momento em que a Escola se encontrava em plena reformulação promovida pela então Diretora D. Maria de Castro Pamphiro, a primeira enfermeira na direção da Escola o que representava uma mudança de paradigma. A Enfermeira Ondina lutou e venceu varias batalhas, mas sucumbiu a derradeira batalha, a batalha contra o tempo, a qual todos estamos fadados a perder. Contudo deixou grandes contribuições para o espírito da Enfermagem, e para tal deve ser sempre lembrada. CONCLUSÃO Podemos averiguar que os serviços da Enfermeira Ondina Miranda de Souza, foram de grandes préstimos a sua Pátria e aos seus compatriotas, e que ajudaram de sobremaneira para a libertação da Itália do jugo nazista. Estes fatos aumentaram a curiosidade sobre a vida desta mulher, que logo se transformou em admiração. Em 1957, o Congresso Nacional promulgou a Lei que incluiu no Serviço de Saúde do Exército aquelas enfermeiras que participaram da Força Expedicionária Brasileira, no posto de 2º tenente, importante precedente para o ingresso efetivo do segmento feminino nas Forças Armadas do Brasil, possibilitando o sonho de inúmeras mulheres que desejam ansiosamente ingressar nas forças armadas. Este estudo veio dar luz a uma personagem ícone de uma escola e de uma profissão que deve servir de espelho a todos os alunos da atual Escola de Enfermagem Alfredo Pinto bem como, a todos os profissionais de Enfermagem do Brasil, pois seus atos nos mostram como o amor a pátria e a uma profissão, pode traspor barreiras e quebrar paradigmas, instalando uma nova fronteira. Ademais Ondina: mulher, Brasileira, Enfermeira, cumpriu sua missão de forma maravilhosa, com patriotismo, bravura, honra e acima de tudo, com muito amor. REFERÊNCIAS BIBLIOFRAGICAS: 1. HOBSBAWM, E; Era dos Extremos: O breve século XX 1914-1991; 2ª ed., Santarrita, M, tradutor; Paoli, MC, revisão técnica. São Paulo: Companhia das Letras. 1995. 598 p. 2. CYTRYNOWICZ, R; ‘A serviço da pátria: a mobilização das enfermeiras no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial’. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, VII(1): 73-91, mar.-jun. 2000. 3. BERNARDES, MR, LOPES, GT, SANTOS, TCF. O Grupamento Feminino de Enfermagem do Exercito na Força Expedicionária Brasileira Durante a 2ª Guerra Mundial: Uma Abordagem Sob o Olhar Fotográfico (1942-1945); Dissertação de Mestrado UERJ, 2004. 4. SILVEIRA, JX; A FEB por um soldado. Rio de Janeiro: Expressão e cultura, 2000, 353 p. 5. VALARADES, AP; Álbum Biográfico das Febianas. Pesquisa da II Grande Guerra Mundial, (Batatais- São Paulo). Rio de Janeiro: Mauro Familiar, 1976. 116 p. 6. LE GOFF, J; A Historia Nova. Ao Paulo (SP): Martins Fontes, 1990. 7. ABREU, AA; BELOCHI,I; Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro pós 1930. Rio de Janeiro: FGV; 2001. 8. POLIT, DF; HUNGLER, BP; Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem. Porto Alegre: Artes Medicas, 1995. http://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1237 |