Multimodalidade na interação humana
<p>A interação humana é constituída pela combinação ativa de materiais com propriedades intrinsecamente diversas, em configurações contextuais situadas, onde eles podem mutuamente elaborar um ao outro para criar um todo que é diferente e maior que suas partes constituintes. Isso gera uma série...
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Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
2010-09-01
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Series: | Calidoscópio |
Online Access: | http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/468 |
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doaj-71a87710d1b540a7bbce0d22fb9a55bb2020-11-25T02:09:53ZporUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)Calidoscópio 2177-62022010-09-0182859810.4013/46879Multimodalidade na interação humanaCharles Goodwin<p>A interação humana é constituída pela combinação ativa de materiais com propriedades intrinsecamente diversas, em configurações contextuais situadas, onde eles podem mutuamente elaborar um ao outro para criar um todo que é diferente e maior que suas partes constituintes. Isso gera uma série de consequências na organização da linguagem, ação, conhecimento e corporificação em interações situadas. Dois fenônomenos que dependem dessa organização distribuída da ação serão investigados aqui. Primeiro, Chil, um homem que sofreu um grave comprometimento no hemisfério esquerdo de seu cérebro que o deixou com um vocabulário de três itens: Sim, Não e E, mas que se revela capaz de agir como um poderoso falante em interações. Chil consegue isso ao operar na fala dos outros, de forma a fazê-los produzir as palavras de que ele precisa, mas que não poderia ele próprio produzir, e também ao usar gestos na organização de seus enunciados a fim de incorporar fenômenos significativos do ambiente que os cerca. Segundo, são investigados os processos pelos quais arqueólogos adquirem a habilidade de enxergar estruturas relevantes no solo que estão escavando e de construir documentos, tais como mapas, que fomentam o discurso de sua profissão. A maneira com que a ação é construída por meio do uso simultâneo de materiais com propriedades diversas faz com que seja possível que arqueólogos experientes calibrem a visão, a prática e o conhecimento corporificado de profissionais ainda em formação e assim construam, na própria interação situada, a cognição, as formas de ver e as práticas corporificadas dos jovens arqueólogos. Tanto a habilidade de Chil, de agir como um falante, quanto a organização social do conhecimento corporificado e a percepção necessárias para agir-se como um membro de uma comunidade científica são possíveis pela forma com que atores sociais alternativamente situados contribuem com diferentes tipos de materiais para um curso de ação comum.</p><p>Palavras-chave: multimodalidade, afasia, visão profissional, gestos, apontação, fala-em-interação.</p>http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/468 |
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<p>A interação humana é constituída pela combinação ativa de materiais com propriedades intrinsecamente diversas, em configurações contextuais situadas, onde eles podem mutuamente elaborar um ao outro para criar um todo que é diferente e maior que suas partes constituintes. Isso gera uma série de consequências na organização da linguagem, ação, conhecimento e corporificação em interações situadas. Dois fenônomenos que dependem dessa organização distribuída da ação serão investigados aqui. Primeiro, Chil, um homem que sofreu um grave comprometimento no hemisfério esquerdo de seu cérebro que o deixou com um vocabulário de três itens: Sim, Não e E, mas que se revela capaz de agir como um poderoso falante em interações. Chil consegue isso ao operar na fala dos outros, de forma a fazê-los produzir as palavras de que ele precisa, mas que não poderia ele próprio produzir, e também ao usar gestos na organização de seus enunciados a fim de incorporar fenômenos significativos do ambiente que os cerca. Segundo, são investigados os processos pelos quais arqueólogos adquirem a habilidade de enxergar estruturas relevantes no solo que estão escavando e de construir documentos, tais como mapas, que fomentam o discurso de sua profissão. A maneira com que a ação é construída por meio do uso simultâneo de materiais com propriedades diversas faz com que seja possível que arqueólogos experientes calibrem a visão, a prática e o conhecimento corporificado de profissionais ainda em formação e assim construam, na própria interação situada, a cognição, as formas de ver e as práticas corporificadas dos jovens arqueólogos. Tanto a habilidade de Chil, de agir como um falante, quanto a organização social do conhecimento corporificado e a percepção necessárias para agir-se como um membro de uma comunidade científica são possíveis pela forma com que atores sociais alternativamente situados contribuem com diferentes tipos de materiais para um curso de ação comum.</p><p>Palavras-chave: multimodalidade, afasia, visão profissional, gestos, apontação, fala-em-interação.</p> |
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