Summary: | Introdução: Apesar de se reconhecer que a maior parte da dor experimentada pelo recém-nascido (RN) pode ser prevenida ou substancialmente aliviada, inúmeros estudos continuam a revelar um tratamento insuficiente.
Objectivos: Este estudo teve como objectivos determinar a prevalência e gravidade da dor sentida pelo RN submetido a cuidados intensivos e a efectividade das medidas preventivas e terapêuticas.
Material e métodos: Numa UCIN de um Hospital Universitário, estudaram-se 170 RN ao longo de um ano, de que resultaram 844 observações. Os dados foram colhidos por quatro enfermeiros, por observação do RN, entrevista a pais e enfermeiros prestadores de cuidados e análise retrospectiva seriada dos registos intermitentes efectuados no processo clínico. A Intensidade da dor foi medida através da escala Echelle Douleur et d’Inconfort du Nouveau-Né (EDIN).
Resultados: As 844 observações realizadas mostraram uma alta prevalência de dor (94,8%), com predomínio para a dor ligeira (72,7%). Em oito horas de observação, das 844 observações, 91,2% revelaram intervenções potencialmente dolorosas, cerca de 76,4% de prescrições feitas ad hoc e pouco mais de metade dos fármacos prescritos administrados. O arsenal terapêutico usado foi restrito, com destaque para o uso da morfina. As intervenções não farmacológicas foram utilizadas em 88,7% das observações, com evidência para os posicionamentos, massagens e técnicas de conforto. A prevalência da avaliação diária da intensidade da dor foi de 21,7% e a intensidade da dor não foi influenciada pela frequência da avaliação ou tratamento.
Conclusões: Um controlo adequado da dor exige a implementação de protocolos de avaliação e tratamento que: contemplem a avaliação da intensidade da dor como quinto sinal vital; os procedimentos dolorosos mais comuns; o uso de analgesia tópica; sacarose; e opióides (para além da morfina). Deve-se repensar a abolição das prescrições ad hoc e a utilização da picada capilar e orientar o tratamento com base na intensidade da dor.
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