Summary: | Não há como escapar da afirmação de que o cinema de horror postula as agruras do medo na representação grotesca do corpo. Um subgênero que desponta desse tipo de cinema é o horror corporal, em que o efeito de sentido do medo é proveniente da construção de um corpo monstruoso-horrendo, cuja identidade figurativa foi antes projetada como um modelo actancial do corpo em metamorfose. Como centro de referência da carne, a metamorfose é fundamentada a partir de quatro forças que geram pressões e impulsões sobre o corpo-actante do sujeito em construção, condicionando-o a um regime corporal específico. Tais forças incidem sobre o corpo-actante e o projetam para fora do seu eu de referência, em que se postula o avesso como uma nova forma de vida. O avesso do sujeito é o horizonte do antissujeito em prol do grotesco. Dos corpos em projeção na diegese fílmica, podemos afirmar que o horror corporal apresenta características inquietantes, tanto na concepção de corpos-actantes imersos no medo, quanto na percepção de um corpo que enuncia o desconforto do sobrenatural grotesco como forma de extravazar as angústias do mundo. Portanto, postula-se aqui um modelo actancial do corpo em metamorfose, estabelecido no enunciado de horror a partir de quatro forças que moldam um regime corporal orientador do desenvolvimento das narrativas do medo: a modificação; a transformação; a transmutação; e a mutação.
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