Summary: | Este artigo reflete sobre a dimensão criativa e reflexiva dos “objetos de pesquisa” ou dos informantes do antropólogo, no contexto dos estudos sobre a migração internacional, especificamente na corrente migratória de colombianos na cidade de Santiago, no Chile. Ressalta-se a importância dos imaginários e dos fatores socioculturais do fenômeno migratório, e, a partir disso, se evidencia como, através de um exercício de “antropologia reversa”, os sujeitos contestam o clássico divisor da pesquisa antropológica, “nós” e “eles”, reconfigurando as posições dentro da atividade investigativa. Desse modo, a partir de dois exemplos etnográficos se realçam e detalham os novos matizes e formas que adquire a interação entre pesquisador-pesquisado neste contexto, onde o etnógrafo é interpelado em campo. Além disso, dentro desse processo de quebra da “autoridade etnográfica” é fundamental ressaltar a incidência que têm as tecnologias digitais de comunicação, chaves na interação social e na conformação de redes sociais dos migrantes e potenciais migrantes. Isto provoca que os próprios instrumentos metodológicos do antropólogo sejam reavaliados/atualizados, conforme os mecanismos modernos para depositar e transmitir informação. Da mesma forma, com esta reflexão se espera questionar a retórica do texto etnográfico, e se mostram alguns possíveis caminhos para etnografias mais polifônicas nos estudos sobre a migração internacional.
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