Summary: | O filme Mais estranho que a ficção propõe ao enunciatário uma provocação baseada num interessante sincretismo actancial, associado a uma deliberada subversão da hierarquia de vozes, comumente estabelecida entre narrador e interlocutor. Essa quebra é realizada pelo seguinte mecanismo: o mesmo ator recobre dois actantes discursivos, diminuindo a distância que normalmente os separa. A análise semiótica proposta neste trabalho pretende mostrar que a originalidade do filme resulta da estratégia do enunciador em colocar, num mesmo nível de interação, narrador e interlocutor. Esse artifício aproxima o enunciatário da obra, além de corroborar o desenvolvimento do tema ficção vs realidade, explorado no filme. A construção figurativa dos actantes discursivos é essencial para a abordagem do tema, pois na relação entre eles se instaura a grande dúvida a ser explorada ao longo de toda a obra: onde termina a ficção e inicia a realidade? Dessa forma, o enunciatário é convidado a desvendar a estranha teia das relações estabelecidas entre os personagens do filme. Para esclarecer a interação entre as narrativas presentes em Mais estranho que a ficção e, assim, explicitar a estratégia do enunciador, o estudo utiliza como método de análise o percurso gerativo do sentido, estabelecido por A. J. Greimas. Elementos visuais e verbais do filme são tomados em consideração por esta análise.
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