Terremoto Fóssil Evidenciado pela Brecha Tectônica Silicificada da Área de Cabo Frio, RJ, e sua Relação com a Gênese do Movimento Intermitente da Falha e o Hidrotermalismo Amagmático Associado

Este trabalho apresenta o estado atual das pesquisas geológicas e petrográficas da brecha tectônica silicificada na área de Cabo Frio, RJ. A partir dos resultados, os autores propõem um modelo para o mecanismo de deslocamentos intermitentes das falhas. As zonas de brecha tectônica têm largura de 50...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Akihisa Motoki, Thais Vargas, Woldemar Iwanuch, Dean Pereira de Melo, Susanna Eleonora Sichel, Alex Balmant, José Ribeiro Aires, Kenji Freire Motoki
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 2012-07-01
Series:Anuário do Instituto de Geociências
Subjects:
Online Access:http://www.anuario.igeo.ufrj.br/2012_2/2012_2_124_139.pdf
Description
Summary:Este trabalho apresenta o estado atual das pesquisas geológicas e petrográficas da brecha tectônica silicificada na área de Cabo Frio, RJ. A partir dos resultados, os autores propõem um modelo para o mecanismo de deslocamentos intermitentes das falhas. As zonas de brecha tectônica têm largura de 50 cm a 20 m e direção geral de NE-SW. Essas são cortadas por diques máficos do Eocretáceo. Os clastos são angulosos e caracterizados pela textura de autobrechação. A matriz é consolidada firmemente pela silicificação com disseminação de hematita, carbonatos e sericita. As zonas de brecha são distribuídas aleatoriamente em uma ampla área do Estado. Esta observação indica que a silicificação não está relacionada aos magmatismos locais de intrusões alcalinas do Cretáceo ao Eocenozóico. Uma idéia alternativa é o hidrotermalismo originado do gradiente geotérmico. De acordo com o gradiente geotérmico normal da região continental, de 25 a 30°C/km, a temperatura atribuída à faixa de profundidade de 6 a 8 km é de 180 a 220°C. Nesta condição, o H2 O presente aí comporta como líquido hidrotermal. Este tipo de hidrotermalismo, sem participação de magmas, é denominado hidrotermalismo amagmático. Quando ocorreu o terremoto, formou-se uma zona de cataclase. A água da superfície que infiltrou ao longo dessa e chegou a profundidade de 6 a 8 km transformouse em líquido hidrotermal amagmático. Conforme os reajustes de esforços e a conseqüente acomodação dos blocos rochosos crustais, o líquido hidrotermal foi pressionado e foi forçado a subir ao longo da zona de cataclase. Durante a ascensão e resfriamento do líquido hidrotermal, ocorreu a silicificação e consolidação da zona de cataclase. As brechas tectônicas silicificadas observadas na área estudada podem representar este fenômeno que ocorreu no tempo geológico. Através da silicificação e consolidação hidrotermal, o plano de falha transformou-se de uma zona de fraqueza em uma zona de rigidez mecânica, o que possibilitou a acumulação da energia tectônica na forma de deformação elástica. Isto é, durante e logo após o terremoto, o plano da falha foi uma zona de debilidade, entretanto durante o período entre terremotos, foi uma zona de alta rigidez. Os clastos desta brecha são constituídos por rocha cataclástica silicificada. Esta observação indica que o rompimento do plano de falha e sua consolidação hidrotermal ocorreram repetidamente, o que implica terremotos repetidos ao longo da mesma falha. Os autores propõem este processo como um mecanismo adicional para o movimento intermitente de falhas. O hidrotermalismo amagmático pode ser uma representação geológica da asperidade. Essa é um conceito sismológico que corresponde à localidade específica no plano de falha em que ocorre estagnação do movimento possibilitando a acumulação da energia tectônica na forma de deformação elástica. O terremoto novo ocorre através do rompimento da asperidade.
ISSN:0101-9759
1982-3908