Summary: | O texto analisa parte da literatura sobre a história do violão no Brasil nas primeiras décadas do século XX, no contexto das complexas relações sociais e políticas da Primeira República na cidade de Rio de Janeiro. A ideia central é discutir a noção de violão-arte, que teria surgido a partir da tradição do violão erudito europeu (como construção de discurso), em contraposição a outras práticas violonisticas que a historiografia do instrumento não menciona ou o faz ressaltando sua progressiva aceitação “moral” e distanciamento do estigma da boêmia e a vadiagem. O texto conclui problematizando como o violão configurou-se como meio de execução e corporificação de representações sociais, que chamamos de instrumento-documento, violentamente empobrecido (pois, na passagem do século XIX ao XX ele era sinônimo de marginalidade), precariamente empregado, com escassa ou nula instrução formal (não havia onde aprender a tocar) e principalmente autodidata (aprendido na prática e na tradição oral).
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