Summary: | Este estudo consiste numa retomada, com alterações, acréscimos e supressões, do ensaio que apresentei em minha dissertação de Mestrado em Escrita Criativa, Mais eus do que eu: sujeito lírico, alteridade, multiplicidade, defendida em 2008 junto ao Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Partindo de uma indagação central – qual é a voz que fala no poema? –, sustento a ideia de que não é o poeta, enquanto ser empírico, localizável espacial e temporalmente, que fala no poema, mas uma instância textual derivada de sua organização discursiva. Para tanto, faço, num primeiro momento, uma contextualização histórica do problema da enunciação poética, seguida de uma apresentação dos principais pontos defendidos por Antonio Rodriguez em sua obra Le Pacte lyrique (2003): a noção de pacto e os conceitos de voz lírica, paciente e sujeito lírico. Posteriormente, discuto, à luz dos conceitos expostos, a alteridade implicada no ato poético, as estratégias de criação de efeitos autobiográficos e a tensão entre identidade e multiplicidade daí decorrente
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