Summary: | A partir da análise dos livros “Belém do Grão-Pará” e “Passagem dos Inocentes” escritos pelo literato Dalcídio Jurandir discute-se as relações de poder e de classes entretecidas na sociedade parauara entre os anos de 1920 e 1940. Ativo militante de esquerda, integrante dos quadros da secretaria estadual de educação e colaborador de jornais e revistas da região norte, esse letrado expressou em suas narrativas fortes criticas à escola e as práticas de escolarização vigentes na época. Para ele, a educação escolar pública, ao constituir-se espaço para aquisição de saberes abstratos, desconectados das vivências dos educandos e imbuída de forte sentimento religioso, reforçava as diferenças de classe e afastava a instituição daquilo que o mesmo considerava ser função do conhecimento escolar: contribuir para o processo de construção de uma sociedade justa, formada por indivíduos críticos e reflexivos. Nesse sentido, os escritos dalcidianos acerca da escola e da escolarização são recheados de personagens que exprimem sentimentos contraditórios, desejosos por educar-se para ascender socialmente, mas temerosos diante da vivência escolar, descrita como dispendiosa e autoritária. Assim, em conjunto com outros textos produzidos por esse escritor contidos em revistas destinadas aos professores da rede pública estadual, essas narrativas literárias possibilitam refletir não somente a respeito do universo escolar do período, como também sobre tensões que existiam entre diferentes projetos de sociedade.
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