Mastoidites na idade pediátrica

Introdução: A mastoidite aguda é a principal complicação da otite média aguda. A antibioticoterapia e a melhoria dos cuidados de saúde diminuiram drasticamente a sua incidência, mas nos últimos tempos tem-se verificado um recrudescimento da doença. Objectivos: Avaliar características sociodemográf...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Ana Bárbara Salgueiro, Maria João Brito, Catarina Luís, Maria do Céu Machado
Format: Article
Language:English
Published: Sociedade Portuguesa de Pediatria 2014-08-01
Series:Portuguese Journal of Pediatrics
Online Access:https://pjp.spp.pt//article/view/4719
Description
Summary:Introdução: A mastoidite aguda é a principal complicação da otite média aguda. A antibioticoterapia e a melhoria dos cuidados de saúde diminuiram drasticamente a sua incidência, mas nos últimos tempos tem-se verificado um recrudescimento da doença. Objectivos: Avaliar características sociodemográficas, clínicas, laboratoriais e evolução da mastoidite aguda na população infantil num Hospital Geral, na Zona Metropolitana de Lisboa. Métodos: Revisão dos casos de crianças internadas com mastoidite aguda entre Junho de 1996 e Maio de 2005. Resultados: Registaram-se 77 episódios (71 crianças), com uma incidência estimada de 9,3/10000 crianças na área estudada, predomínio do sexo masculino (62,3%) e raça caucasiana (93,4%). A mediana de idades foi 3,8 anos (mínimo-5 meses; máximo-14 anos). Em 26 casos (33,8%), havia história de otites de repetição e em 16 (20,8%) outras patologias do foro otorrinolaringológico. Nos três meses anteriores ao internamento, 58,4% tinham tomado antibióticos. A clínica cursou com febre (77,9%), sinais inflamatórios auriculares: rubor (70,1%), edema (67,5%), calor (57,1%), otalgia (46,8%), protrusão do pavilhão auricular (44,2%) e otorreia (40,3%). Os agentes isolados foram Pseudomonas aeruginosa (8), Strep to coccus pneumoniae (4) e Staphylococcus coagulase negativo (1). Registaram-se complicações em 20 doentes (26%): osteíte (5), abcesso subperiósteo (5), meningite (4), abcesso craniano de Bezold (1), abcesso de partes moles (1), trombose venosa (1) e parésia facial (2). Os antibióticos mais utilizados foram as cefalosporinas de 3ª geração (48,3%), 2ª geração (25%) e amoxicilina/ácido clavulânico (25%). Realizou-se intervenção cirúrgica em 20,8% dos doentes. Faleceram duas crianças imunodeficientes. Actualmente, 68,8% estão curadas, quatro registaram recaídas e oito mantêm otites de repetição. Conclusões: Pelo elevado número de casos e potencial aparecimento de complicações, a mastoidite aguda continua a ser uma patologia a considerar em Pediatria. A miringotomia deve ser mais considerada nestas situações e a utilização de antibióticos na comunidade deve ser criteriosa.
ISSN:2184-3333