Pisada como pano de chão: experiência de violência hospitalar no Nordeste Brasileiro "Stepped-on like a floor-mat": human experience of hospital violence in the Northeast of Brazil
Apesar de recentes esforços para melhorar a qualidade dos serviços públicos de saúde no Brasil, iniqüidades e violência institucional persistem nos hospitais. Este estudo antropológico-crítico investiga a experiência humana da hospitalização do ponto de vista do paciente internado em um hospital púb...
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Format: | Article |
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Universidade de São Paulo
2008-03-01
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Series: | Saúde e Sociedade |
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doaj-677675e30a174b62a6703fb274d4915b2020-11-24T22:39:00ZengUniversidade de São PauloSaúde e Sociedade0104-12901984-04702008-03-01171617210.1590/S0104-12902008000100006Pisada como pano de chão: experiência de violência hospitalar no Nordeste Brasileiro "Stepped-on like a floor-mat": human experience of hospital violence in the Northeast of BrazilAnnatália Meneses de Amorim GomesMarilyn K. NationsMadel Therezinha LuzApesar de recentes esforços para melhorar a qualidade dos serviços públicos de saúde no Brasil, iniqüidades e violência institucional persistem nos hospitais. Este estudo antropológico-crítico investiga a experiência humana da hospitalização do ponto de vista do paciente internado em um hospital público, localizado em Fortaleza, capital do Ceará, no Nordeste brasileiro. Um método qualitativo original, "O Percurso do Paciente" foi criado e utilizado, mesclando entrevista etnográfica, narrativa do paciente coletada prospectivamente durante a internação, desde a chegada no hospital até a alta, e observação-participante, seguindo-se o percurso de 13 informantes-chaves. Os resultados revelaram 225 experiências distintas de hospitalização narrados pelos pacientes. A maioria (83,6%) dos acontecimentos foi interpretada como "desprezo" e "humilhação"; somente 16,4% foram percebidos como "zelando" pelo paciente, contribuindo para a recuperação da sua saúde. Desvelaram a progressiva desmoralização do "paciente suspeito" desde a sua recepção por um guarda uniformizado até o confisco de pertences pessoais. A hospitalização é caracterizada por abandono, solidão e aprisionamento, em virtude da imposição de normas, regras e procedimentos que ignoram a autonomia, condições pessoais e subjetividade do paciente. Apesar da estrutura opressiva, pacientes resistem às agressões, utilizando múltiplas estratégias: traços pessoais, imaginação criativa, solidariedade social e fé religiosa. Humanizar a hospitalização pública no Nordeste brasileiro requer incluir a voz e a experiência do paciente, removendo os estigmas que o prejudicam.<br>Despite recent efforts to improve the quality of public health services in Brazil, inequalities and institutionalized violence persist in hospitals. This critical anthropological study investigates the human experience of hospitalization from the viewpoint of patients of a public hospital located in Fortaleza, capital city of the state of Ceará, in the Northeast of Brazil. A qualitative method, "The Patient's Pathway," was created and utilized. It blends ethnographic interviews, patient's narrative collected prospectively during the entire hospitalization - from admittance to discharge - and participant observation. The pathway of 13 key-informant patients was followed. Results reveal that our patients narrated 225 distinct hospitalization experiences. The majority (83.6%) was interpreted by patients as "degrading" and "humiliating" their sense of personhood; only 16.4% were seen as "caring" for the patient, contributing to the recovery of their health. A progressive demoralization of the "suspect patient" is revealed, beginning with his/her reception by uniformed guards and confiscation of personal belongings. Hospitalization is characterized as abandonment, loneliness and imprisonment, due to the imposition of norms, rules and procedures which ignore patients' autonomy, subjectivity and personal conditions. Despite the oppressive hospital structure, patients manage to resist, drawing upon multiple strategies: personal traits, creative imagination, social solidarity and religious faith. Humanizing public hospitalization in the Northeast of Brazil requires including the patient's voice and experience while removing harmful stigmas.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902008000100006Antropologia culturalViolênciaHospitalizaçãoPoderHumanizaçãoCultural AnthropologyViolenceHospitalizationPowerHumanization |
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