REFLEXÕES SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA IDOSOS NO CONTEXTO DAS AGENDAS PÚBLICAS BRASILEIRA E ESPANHOLA

A presente tese se insere na linha de pesquisa "Políticas, saberes e práticas em alimentação, nutrição e saúde" do Núcleo de estudos sobre Cultura e Alimentação e no projeto “Nutrição, Saúde e Envelhecimento”, através da parceria Instituto de Nutrição/Universidade Aberta da Terceira Idade....

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Bibliographic Details
Main Author: Maria Fátima Garcia de Menezes
Format: Article
Language:English
Published: Josely Correa Koury 2014-12-01
Series:Demetra
Online Access:https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/article/view/14066
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spelling doaj-66f19fb0a29e465eabe6a23125bd5cfa2021-04-02T20:59:40ZengJosely Correa KouryDemetra2238-913X2014-12-019385185210.12957/demetra.2014.140668358REFLEXÕES SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA IDOSOS NO CONTEXTO DAS AGENDAS PÚBLICAS BRASILEIRA E ESPANHOLAMaria Fátima Garcia de Menezes0Universidade do Estado do Rio de JaneiroA presente tese se insere na linha de pesquisa "Políticas, saberes e práticas em alimentação, nutrição e saúde" do Núcleo de estudos sobre Cultura e Alimentação e no projeto “Nutrição, Saúde e Envelhecimento”, através da parceria Instituto de Nutrição/Universidade Aberta da Terceira Idade. Tem por objeto de estudo os sentidos e significados do conceito de alimentação saudável para idosos nas agendas públicas brasileira e espanhola. Atualmente um dos desafios para o campo da Alimentação e Nutrição é o acelerado processo de envelhecimento populacional e o aumento da obesidade e doenças crônicas não-transmissíveis. Apesar de ser uma realidade nos dois países, a Espanha possui cifras mais elevadas e enfrenta essa questão há mais tempo. No Brasil esse processo é acelerado e recente. Realiza-se na primeira etapa uma análise a partir dos documentos nacionais do Brasil e a segunda etapa, viabilizada pela realização de estágio no exterior (doutorado sanduíche na UniversidadRovira i Virgili – Tarragona/Espanha), analisar comparativamente os documentos do Brasil e da Espanha. Trata-se de uma análise documental. Os documentos selecionados, por tipo, são: diretriz geral - “Guia alimentar para a população brasileira”, “Estrategia para La Nutrición, Actividad física y Prevención de la Obesidad (NAOS)” e “Libro Blanco de Nutrición en España”; guia prático - “Guia alimentar para a população brasileira”, “Come sano y muévete:  12 decisionessaludables” e “Comer bien para envejecer mejor” e manual - “Alimentação saudável para a pessoa idosa: Um manual para profissionais de saúde” , “Guia de la orientación nutricional para personas mayores”  e “Taller alimentación saludable y atividad física – manual  para  las personas mayores – vive más y mejor”. As reflexões se apoiam em diferentes autores do campo das ciências humanas e sociais, como: Sfez, Weber, Elias, Dumont, Canguilhem, Douglas, Beck, Giddens, Foucault. Para a agenda brasileira, são identificadas nos documentos as seguintes perspectivas: responsabilização do individuo, com forte componente ascético e de controle sobre o corpo; forte tendência à redução racional e máxima do risco de adoecer como sinônimo de estilo de vida sadio; ênfase acentuada em higiene e segurança sanitária; primazia do caráter biomédico da Nutrição e homogeneidade e fragilidade como marcas do processo de envelhecer.  Na análise comparativa Brasil-Espanha observa-se que apesar das diferenças dos dois países as perspectivas não se diferenciam. Os documentos são estruturados, a partir de orientação de uma mesma entidade supranacional - a Organização Mundial de Saúde -, por especialistas do campo biomédico em um conjunto de regras que tem por base as evidências científicas e com forte componente moral. Homogeneidade do envelhecer, biopoder e risco são as questões colocadas no debate. É a ciência regulando a vida. Os idosos são responsabilizados por manter sua alimentação adequada, na perspectiva da prevenção das doenças, da manutenção do corpo produtivo e jovem, da longevidade e imortalidade.  Não há espaço para viver o risco, que parece fundamental para nos sentirmos vivos e saudáveis. E muito menos o exercício necessário de construção e reconstrução cotidiana, de olhar para si, de identificar as necessidades, de buscar uma alimentação fonte de prazer e de reconhecer as condições reais de existência. DOI: http://dx.doi.org/10.12957/demetra.2014.14066https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/demetra/article/view/14066
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