Summary: | Neste trabalho, abordamos a inserção de mulheres filipinas no mercado de trabalho dos cuidados na cidade de São Paulo, a partir do conceito de “divisão internacional do trabalho reprodutivo” – uma transferência, em três níveis, de trabalho reprodutivo entre mulheres em países de origem e destino da migração - (Parreñas, 2015). Especificamente, buscamos um aprofundamento do tema do trabalho doméstico remunerado realizado por filipinas em São Paulo, fazendo um esforço de inseri-lo no contexto brasileiro e de globalização da força de trabalho feminina para a provisão dos cuidados, a fim de desvelar um pouco das relações sociais constitutivas que condicionam essa migração específica de mulheres nas Filipinas e estruturam o lugar ocupado pela migrante filipina no Brasil. Este trabalho foi realizado por meio de revisão bibliográfica e documental, observação não participante, e entrevistas semi-estruturadas. Primeiramente, foram exploradas autoras e autores que analisam o contexto de origem da migração – as Filipinas –, as conformações do trabalho reprodutivo e o mercado global de cuidados. Além disso, utilizamos dados quantitativos disponibilizados pelos órgãos administrativos filipinos de estatísticas (Philippine Statistics Authority – PSA) e de contratos de trabalho no exterior (Philippine Overseas Employment Administration – POEA). Idas a campo foram feitas em locais de reunião de uma comunidade de migrantes filipinas, onde obtivemos contatos para as entrevistas, pois almejávamos compreender a forma como são agenciados esses processos sociais e os significados atribuídos pelas sujeitas da migração. Por fim, realizamos entrevistas com migrantes filipinas em São Paulo que já tiveram experiência com trabalho doméstico no Brasil. Nossa hipótese de trabalho foi a de que o capital cultural apresentado pelas migrantes filipinas possibilitou tanto a sua mobilidade, como sua inserção laboral nas residências de uma fração da classe média alta paulistana.
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