Summary: | A partir de uma abordagem antropológica que dialoga com a teoria queer, analisam-se três experiências de conjugalidade envolvendo travestis que se prostituem, discutindo-se os limites dessas relações, impostos pela visão de mundo que orienta as travestis, pessoas pertencentes em sua maioria às camadas populares e, de acordo com a hipótese que se coloca, tributárias de uma visão de mundo holista. Assim, observa-se que as relações conjugais vêm fortemente orientadas por perspectivas essencialista quanto ao sexo e ao gênero, atribuindo papéis rigidamente estabelecidos para cada parceiro. Ao naturalizar o sexo que exige um gênero supostamente coerente a essa anatomia que elas simplesmente não aceitam como destino, mantêm-se atadas à matriz heteronormatizadora. Informadas por uma gramática de conjugalidade heterossexual, elas encontram dificuldades em elaborar um outro léxico para as relações conjugais.<br>Starting from an anthropological approach which dialogues with the queer theory, we analyze here three conjugal experiences involving prostitute transvestites. We are going to discuss the limits of those relationships, imposed by the world view that guides the transvestites, people that generally belong to the popular social layers and, in accordance to the hypothesis placed here, are tributary of a holist world view. Thus, we observe that the matrimonial relationships are strongly guided by essentialist interpretations in regard to sex and gender, assigning rigid established roles for each partner. When naturalizing sex which demands a gender supposedly coherent to that anatomy they simply do not accept as destiny, transvestites stay tied to the heteronormative matrix. Informed by a heterosexual matrimonial grammar, they find it difficult to elaborate another lexicon for the matrimonial relationships.
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