Summary: | Em meio ao recente movimento cultural da viola caipira, destacam-se as Orquestras de Violeiros. Desde a criação pioneira da Orquestra de Violeiros de Osasco, em 1967, dezenas de agrupações musicais semelhantes surgiram e se espalharam pela região centrosul do Brasil. Trata-se de uma formação musical composta por vários violeiros, com repertório constituído majoritariamente pelo conhecido cancioneiro caipira. Participam das Orquestras instrumentistas de diferentes faixas etárias, escolaridade, sexo, formação musical, origens e contextos sociais, reunidos em torno da cultura e valores caipiras, com o objetivo de manutenção da tradição, aprendizado do instrumento e transmissão de técnicas de viola. As Orquestras têm sido guardiãs do repertório e da tradição da viola, contribuindo para a sobrevivência da música sertaneja raiz à margem da indústria fonográfica. Por outro lado, elas trazem consigo inovações na linguagem musical do repertório caipira, através de novos arranjos instrumentais orquestrados. Conclui-se que as Orquestras engendram uma forma muito particular de sociabilidade, onde se encontram a tradição e o moderno, o rural e o urbano. Constituem-se, ao mesmo tempo, em espaços de renovação do instrumento e preservação da memória e valores da cultura rural. Representam, enfim, uma síntese das transformações recentes da viola caipira. Tendo em vista a enorme quantidade de violeiros que hoje participam das Orquestras, torna-se essencial um mapeamento e investigação aprofundada sobre esse fenômeno. Este trabalho apresenta um panorama dessas agrupações musicais no Brasil e reflexões que sirvam de base para uma pesquisa que vise à compreensão dos aspectos sociais e musicológicos das Orquestras.
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