Summary: | O ano de 2020 começou com a notícia de uma doença infectocontagiosa em Wuhan, na China. A maioria de nós, brasileiros, pensou que dificilmente nos atingiria. Até que, em março, a Itália e a Espanha, países tão próximos, apresentaram taxas de contágio acima de qualquer expectativa. Em cerca de três meses, o mundo já se havia contaminado e o número de mortes passou a crescer exponencialmente. Não era uma situação inédita na história da humanidade, ao contrário, mas a última vez tinha sido em 1918 – portanto, praticamente ninguém havia vivenciado uma pandemia. Cada país reagiu a seu modo, como baratas tontas, como conta a história que havia acontecido na sucessão de Rômulo em Roma. Conforme relata Plutarco, depois de 38 anos de reinado, Rômulo desapareceu, levado pela chuva e pelo vento, sem que tivesse dele restado nada, nem sequer seu cadáver. Não havia sido formulado, até então, qualquer processo de transição que apontasse um sucessor, de modo que a coroação de Numa Pompílio não ocorreu imediatamente após a morte de Rômulo, mas por um tempo os senadores governaram a cidade em rotação, alternando-se a cada dez dias, em uma tentativa de substituir a monarquia com uma oligarquia – período que ficou conhecido, justamente, como interregno (“inter rex”). No mundo atual, vive-se também um período de interregno. E a eclosão da pandemia não poderia ter exemplificado melhor essa constatação.
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