Summary: | Neste artigo, procuramos mostrar que à alimentação estão vinculados importantes processos culturais que comunicam, em suas entrelinhas, modos de pertencer e se expressar. Deste modo, a situação de insegurança alimentar aponta para algo mais do que fragilidade nas condições de sobrevivência. Implica, antes, condição política negada, já que se retira do indivíduo sua condição de expressão em um dos atos mais simples e básicos que lhe garantem o sentido de humanidade. A fome, portanto, aponta para uma situação de desenraizamento no seu nível mais basal, evidenciando uso e produção desigual do espaço. Diante deste panorama, buscamos discutir o papel da mídia nesta legitimação e naturalização de um modelo de produção capitalista do espaço. As representações midiáticas da fome e dos que são por ela atingidos – congelados na figura de famintos e carentes – fortalecem as posições desiguais que separam dominantes e dominados. Assim, argumentamos que é preciso suscitar formas contra-hegemónicas de comunicação, comprometidas com a emancipação social e, no caso da fome, com o empoderamento de minorias na busca da soberania alimentar.
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