Summary: | Foram interrompidas já na administração Dutra as relações diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética. Seguindo as primeiras atividades comerciais durante o segundo governo Vargas que intensificavam-se nos próximos dois governos, estas relações bilaterais só foram reestabelecidas por João Goulart em 1961. A intensa cooperação, não só no setor econômico mas também nas esferas culturais e políticas, deixou presunçosos os entreguistas/direitistas ligados tradicionalmente aos Estados Unidos. O golpe militar em 1964 piorava as relações Brasil-União Soviética mas, ao contrário do que ocorreu com as relações com Cuba, não foram descartadas. Os EUA recompensavam a virada política e a privatização de estatais e o Brasil posicionou-se novamente como sátelite privelegiado no hemisfério. As cooperações, porém, não foram prorrogadas e a administração Carter distanciou-se do Brasil. Começaram-se então a retomar os contatos com o bloco comunista para diversificar o comércio exterior. O suposto milagre econômico durante o governo Médici chamou a atenção para um mútuo benefício da USSR nas negociações com o Brasil. Até 1982 puderam ser registrados intensos intercâmbios tecno-econômicos entre os dois países e também a conformidade na diplomacia internacional. O trabalho tem por objetivo mostrar exemplos dessa cooperação, predominantemente entre os setores de energia (úsinas hidrelétricas, exploração petrolífera, ethanol), analisar as relações do Brasil com as duas superpotências e, ligado a isso, examinar as aspirações do Estado-nação. Por isso são usadas de um lado a teoria da hegemonia gramsciana, e, de outro lado, a percepção high modernity de James C. Scott para compreender a dinâmica ideológica do desenvolvimentismo.
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