Do armário à armadura: estratégias de mulheres no enfrentamento da homofobia e do heterossexismo

O objetivo do presente artigo é descrever e analisar as estratégias construídas por mulheres que buscaram o Centro de Referência em Direitos Humanos Rompa o Silêncio (Porto Alegre, RS) para lidar, enfrentar ou contestar os significados estigmatizantes associados a suas identidades de gênero ou práti...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Luciana Fogaça Monteiro, Paula Sandrine Machado, Henrique Caetano Nardi
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2019-07-01
Series:Revista Polis e Psique
Subjects:
Online Access:https://seer.ufrgs.br/PolisePsique/article/view/31533
Description
Summary:O objetivo do presente artigo é descrever e analisar as estratégias construídas por mulheres que buscaram o Centro de Referência em Direitos Humanos Rompa o Silêncio (Porto Alegre, RS) para lidar, enfrentar ou contestar os significados estigmatizantes associados a suas identidades de gênero ou práticas eróticas/afetos com outras mulheres. A ferramenta metodológica utilizada foi a entrevista baseada na reconstrução de trajetórias de vida e foram entrevistadas 9 mulheres que haviam acessado o Centro de Referência em 2007. As análises estão divididas em dois eixos temáticos: a) percepções sobre a homofobia na perspectiva das mulheres e b) estratégias de enfrentamento cotidianas e o sentido da busca pela formalização da denúncia e reivindicação de direitos. O material permitiu compreender que as entrevistadas percebem a discriminação e o preconceito como resultado de uma extrapolação dos limites das convenções de gênero. Nesse sentido, acreditam que a homossexualidade masculina e as mulheres que possuem estilos “mais masculinos” estão mais propensos/as a sofrer discriminações. De acordo com elas, a perspectiva de uma maior “aceitação” das relações homoeróticas entre mulheres ocorre na articulação entre estilos mais próximos dos padrões de feminilidade vigentes, bem como por uma apropriação do homoerotismo feminino por parte do fetiche masculino. Quanto às estratégias de enfrentamento, foram encontradas tanto formas de manter identidades “discretas” como modos mais combativos, baseados em uma “subjetivação militante”. De modo geral, as entrevistadas consideram os tempos atuais melhores, devido, segundo elas, mais à atuação do movimento social do que aos aparelhos de proteção e políticas públicas estatais.
ISSN:2238-152X
2238-152X