Conversão, predação e perspectiva

Os Wari’, povo falante de língua da família Txapakura, que habita o oeste do estado de Rondônia, convive há cinco décadas com os missionários fundamentalistas protestantes da New Tribes Mission. A partir do recurso comparativo ao mito, este artigo procura compreender a conversão ao cristianismo como...

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Bibliographic Details
Main Author: Aparecida Vilaça
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio de Janeiro 2008-04-01
Series:Mana
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132008000100007
Description
Summary:Os Wari’, povo falante de língua da família Txapakura, que habita o oeste do estado de Rondônia, convive há cinco décadas com os missionários fundamentalistas protestantes da New Tribes Mission. A partir do recurso comparativo ao mito, este artigo procura compreender a conversão ao cristianismo como um processo de adoção da perspectiva do inimigo, relacionado à busca dos Wari’ pela estabilização na posição de humanos. Visa também contribuir para o debate corrente entre antropólogos e estudiosos da religião, quanto à integridade do cristianismo em seu processo de propagação, ao mostrar que a dicotomia entre continuidade e ruptura não tem sentido para povos - como os Wari’ e outros ameríndios - que se reproduzem por meio de sucessivas alterações que envolvem a transformação em outro e a aquisição da sua perspectiva. A adoção do cristianismo como algo novo e externo não contradiz a afirmação de continuidade entre esta religião e a cultura nativa.<br>The Wari’, speakers of a Txapakura language living in the west of Rondônia state, Brazil, have been in close contact with fundamentalist Protestant missionaries of the New Tribes Mission for five decades. Using myth as a comparative framework, this article looks to understand conversion to Christianity as a process of adopting the enemy’s perspective, related to the Wari’ attempt to stabilize their position as humans. It also aims to contribute to the contemporary debate between anthropologists and scholars of religion over the integrity of Christianity as it propagates around the world by showing that the dichotomy between continuity and rupture makes no sense to peoples - like the Wari’ and other Amerindians - whose culture is reproduced through successive alterations involving the transformation into an other and the acquisition of this other perspective. The adoption of Christianity as something new and external does not contradict the assertion of a continuity between this religion and native culture.
ISSN:0104-9313
1678-4944