Summary: | Este artigo problematiza o ensino de desenho por meio do estudo de livros didáticos específicos para a Educação Artística, editados na década de 1970 a partir da promulgação da Lei Federal nº 5.692/71, que tornou obrigatório o ensino da nova área nos currículos escolares. Para tanto, as relações entre texto, imagem e suporte material serão tensionadas a partir das reflexões de Roger Chartier (1990, 2001). Como fontes, selecionamos as coleções Comunicação pela Arte (1973-1980) e Educação Artística (1975-1978). Também foram considerados manuais de desenho geométrico em circulação antes da instituição da obrigatoriedade da educação artística na escola, além de documentos oficiais, como leis, pareceres do Ministério de Educação e Cultura (MEC) e indicações do Conselho Federal de Educação (CFE). Os livros analisados são marcados por uma remodelação material que incluiu a presença de imagens de tipologias diversas e o uso de uma linguagem mais direta e próxima do aluno, apresentando o ensino de desenho não mais meramente como especialidade técnica, mas articulado com outros campos das artes visuais, como a gravura, a pintura e a história da arte. Apontam igualmente para a persistência da disciplina na cultura escolar, bem como de temas de caráter técnico ou decorativo, porém com nova configuração, buscando contemplar uma concepção de arte mais ampla, incluindo a comunicação visual.
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