Summary: | Este artigo tem como proposta acompanhar a evolução dos atores e dos territórios psicotrópicos desde o início dos anos 90 até à atualidade, tendo por base o conhecimento gerado por duas investigações etnográficas levadas a cabo no Porto. A segunda, atualmente em curso, é a revisitação da primeira, realizada por um dos autores nos anos 90. As unidades de estudo, tanto na primeira etnografia como na atual, são espaços situados no interior de bairros sociais ou nas suas imediações nos quais há concentração de indivíduos com interesses nas drogas, sejam eles comerciais ou de consumo. Ambas as pesquisas caracterizam as dinâmicas territoriais do fenómeno droga bem como os seus principais protagonistas em territórios psicotrópicos que se tornaram referenciados no discurso mediático como “bairros das drogas”. Relativamente aos atores aprofundamos a fenomenologia do “agarrado”, descrevendo as suas práticas e vivências, as funções várias que pode desempenhar no funcionamento do território psicotrópico, as estratégias que desenvolve na rua para conseguir financiar o seu consumo. Encontramos hoje sensivelmente o mesmo perfil sociográfico dos atores que caracterizámos na primeira investigação, se excetuarmos o facto de naquela altura haver bastantes indivíduos mais jovens. Quanto aos territórios psicotrópicos, a possibilidade de os olharmos com 20 anos de distância entre as duas etnografias permite notar: a estabilidade temporal das suas características e funcionamento; a grande longevidade de alguns deles, que continuam hoje com a sua localização, dinâmicas e funções mais ou menos inalteradas; grande capacidade de resistência às investidas policiais
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