Summary: | Resumo As ondas de calor impactam setores socioeconômicos em diversas regiões do mundo. Dentro deste tema, o efeito do calor à saúde pública é um dos mais estudados, especialmente no que tange ao aumento da taxa de mortalidade humana. Procurando dar subsídios para possíveis ações mitigadoras no Brasil, o presente estudo propõe apresentar as características de frequência, duração, abrangência espacial e intensidade das ondas de calor. Utilizou-se dados de temperatura máxima diária (Tmax) da série histórica (1961-2014) de 265 estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), separadas em três áreas do Brasil. Primeiramente, selecionou-se os eventos que, durante três ou mais dias, pelo menos a metade das observações na área apresentaram Tmax superando a média de Tmax mais um desvio padrão. Posteriormente, a média espacial e temporal da Tmax foi definida como intensidade, Int. Por fim, os eventos com valores superiores ao terceiro quartil de Int foram definidos como ondas de calor. Foram encontradas 11 ondas de calor na área 1, 23 na área 2 e 31 na área 3, a maioria na primavera e/ou verão. Nosso principal achado mostra que o número de ondas de calor tem aumentado ao longo das últimas cinco décadas, sendo a maioria das ocorrências concentradas após os anos 2000, na atual fase fria da Oscilação Decadal do Pacífico (ODP). Também nesse período, foram verificadas as ondas de calor mais duradouras e intensas. As conclusões deste trabalho sobre frequência, duração e intensidade das ondas de calor aparecem como forte indicativo de que as mudanças climáticas globais têm influenciado o campo de temperatura no Brasil.
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