Summary: | A Andragogia é tão antiga como o próprio Homem, mas a sua individualização como teoria de Aprendizagem só surgiu no final do século XX. Na área médica existe já uma experiência significativa da sua utilização no ensino pré-graduado, mas na educação médica contínua os estudos são ainda relativamente escassos e dirigidos sobretudo ao ensino de gestos. Este estudo foi desenhado com o objectivo de perceber quais as motivações dos médicos para continuar a estudar ao longo da vida, quais os estilos de ensino/aprendizagem mais adoptados por este grupo profissional e como avaliam as acções de formação que frequentaram. Para tal, foram construídos e validados três questionários (motivações, métodos preferenciais de aprendizagem e avaliação das acções de formação), que foram apresentados em conjunto a um grupo de 95 médicos de várias especialidades, seleccionados por conveniência. A análise dos resultados demonstrou que, na realidade, os médicos estudam de forma contínua, sobretudo por satisfação pessoal e pela necessidade de actualização. Estudam primordialmente para responder aos problemas clínicos do dia-a-dia, preferindo, inicialmente, adquirir os conhecimentos de forma passiva (lendo livros e revistas), mas dando primazia aos métodos activos (discussão entre colegas e aplicação prática dos conhecimentos) para a estruturação, reforço ou actualização de conhecimentos prévios. A maioria dos médicos não recorre a reuniões científicas para aprender, embora considerem que elas são importantes para a aquisição de conhecimentos e melhoria da prática clínica. O local onde decorrem as acções de formação não é importante para a aprendizagem, mas o horário extra-laboral é mais motivante. A maioria das acções de formação frequentadas basearam-se no método expositivo, tendo correspondido às expectativas iniciais em cerca de metade dos inquiridos. A importância do formador na aprendizagem é reconhecida por menos de metade dos inquiridos.
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