Summary: | Em Empirismo e Filosofia da Mente, de 1956, Wilfrid Sellars criticou a teoria do “mitodo dado”, quer dizer, a ideia de que o conhecimento empírico repousa sobre a fundação de saberesnão-inferenciais. Ao lado de trabalhos de W.V.O. Quine e do “segundo” Wittgenstein, o texto deSellars foi responsável por colocar a filosofia analítica num estágio adiante de suas origens nopositivismo lógico, e também por cultivar o diálogo com o pragmatismo, sobretudo com osfilósofos neopragmatistas. Contudo, quase noventa anos antes do clássico de Sellars, CharlesSanders Peirce, considerado o fundador do pragmatismo, elaborou uma epistemologia póscartesianana qual negava, de modo semelhante, que o conhecimento intuitivo pode servir de basepara crenças. O presente artigo objetiva investigar a proximidade destas teorias, contribuindo paraestreitar as relações entre filosofia analítica e pragmatismo. Conclui-se que Peirce, diferente deSellars, mantém uma forma “saudável” de empirismo “fraco”, que serve de atrito para a elaboraçãoconceitual, ainda que sobre experiências futuras.
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