Summary: | Neste artigo, investigo a condição da personagem no jornalismo narrativo, tributária do realismo. A dignificação da vida ordinária e a interpenetração entre indivíduo e contexto são aspectos dessa genética. Ambas as personagens, a desse jornalismo e a do romance, proporcionam adesão afetiva com a narrativa, mas seu estatuto implica distâncias éticas. Na reflexão sobre as diferenças, identifico o limiar em que a personagem do jornalismo, atada à pessoa, se separa da personagem de ficção ao mesmo tempo em que mantém com esta vínculo na linguagem. Proponho pensar a personagem no jornalismo narrativo como ser bifronte, cuja face representada é uma redução que exerce pressões e efeitos sobre a outra face empírica. A relação entre as faces é uma questão ética para jornalistas no tratamento narrativo da personagem.
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