Regulação da Glicemia e Metabolismo da Glicose: uma visão sistêmica a partir da análise de mapas conceituais elaborados por mestrandos de bioquímica e de ensino das ciências

• Main Authors: Fernanda Muniz Brayner Lopes, Risonilta Germano Bezerra de Sá, Iara da Glória Marcos da Silva, Margareth Mayer, Zélia Maria Soares Jofili, Ana Maria dos Anjos Carneiro-Leão
• Format: Article
• Language: Portuguese
• Published: Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, SBBq 2006-07-01
• Series: Journal of Biochemistry Education
• Subjects: Glicemia, Glicose, metabolismo.
• Online Access: http://bioquimica.org.br/revista/ojs/index.php/REB/article/view/67

Este  trabalho  relata  uma  experiência  inovadora  realizada  entre  os  programas  de  pós-graduação  no  Ensino  das Ciências (UFRPE) e Bioquímica (UFPE), explorando a complexidade existente na formação de um conceito, a partir das  interações  ocorridas  entre  sujeitos  com  experiência  na  área  específica  de  bioquímica  (Mestrandos  em Bioquímica)  e na  área de educação (Mestrandas  em Ensino das  Ciências). Foi realizada  uma intervenção junto ao grupo dos bioquímicos sobre a regulação da glicemia, com foco especial sobre o metabolismo da glicose, utilizando uma abordagem  metodológica  sistêmica. Tal  abordagem  leva  em consideração  a  visão  do sistema  como  um  todo, pois, embora se possam estudar partes individuais em qualquer sistema, deve-se considerar que essas partes não estão isoladas do todo.  A visão fragmentada, comum  nas atividades em sala de aula quando temas abstratos são abordados,  como  é  o  caso  do  metabolismo  da  glicose,  justifica  a  dificuldade  na  compreensão  dos  alunos  e  a conseqüente dificuldade na formulação de questões diante de problemas complexos. Diante dessas  considerações foi  elaborada  uma  metodologia  que  seguiu  as  seguintes  etapas:  (1)  utilização  de  um  filme  referenciando  um  jejum prolongado  e  um  texto  contendo  uma  situação-problema,  funcionando  ambos  como  organizadores  prévios  para  o estudo da regulação da glicemia/metabolismo da glicose; (2) coleta de concepções prévias através da construção de mapas  conceituais  (pré-teste),  com  utilização  de  conceitos-chave  e  outros  que  os  alunos  julgaram  relevantes;  (3) construção,  pelos alunos de um modelo  representacional do metabolismo  da glicose de forma sistêmica, utilizando materiais  diversos  como  cartolina,  tecido  TNT,  massa  de  modelar  e  espuma,  entre  outros;  registro  através  de filmagem  e sistematização  expositiva de forma  argumentativa  pelo professor; (4) construção de um segundo  mapa conceitual pelos alunos (pós-teste) com os mesmos procedimentos utilizados no pré-teste. Os organizadores prévios têm  a  pretensão  de  deixar  disponível  na  estrutura  cognitiva  do  aprendiz  as  idéias  sobre  o  conteúdo  que  será abordado e o mapa conceitual, sendo um instrumento dinâmico, reflete a compreensão de quem o faz no momento em  que  o  faz.  Após  a  intervenção,  constatamos  que  a  interação  entre  mestrandos  de  áreas  diferentes  possibilitou uma maior compreensão do tema abordado, proporcionando aos mestrandos em educação um aprofundamento da área específica  da bioquímica e aos mestrandos em bioquímica a importância da contextualização do conteúdo de forma  sistêmica  na  sala  de  aula.  Os  mapas  conceituais  do  pré-teste  evidenciaram  a  dificuldade  dos  alunos  em compreender  o  metabolismo  da  glicose  inserido  no  contexto  do  organismo  como  um  todo,  ou  seja,  de  forma sistêmica,  caracterizando  a  fragmentação  e  descontinuidade  do  conhecimento,  o  que  se  configura,  segundo Bachelard,  como  obstáculo  do  conhecimento  geral.  No  pós-teste,  os  mapas  conceituais  possibilitaram  perceber  a relação de uma situação do cotidiano em aspecto macro (o estar saciado e o jejum), com aspectos do micro universo (as  vias  metabólicas  celulares  relacionadas  à  utilização  e  armazenamento  da  glicose)  pelos  aprendizes.  No  pré  e pós-teste  observamos  ainda  outros  aspectos  da  relação  conceitual.  Esperamos  que  esta  experiência  possa  ser replicada com sucesso em outros contextos.