Miocitólise e fibrose do miocárdio na doença de Chagas

A fibrose do miocárdio foi, primitivamente, atribuída á cicatrização de infartos e á miocardite intersticial. Em data relativamente recente maior atenção veio despertar a miocitólise como outra causa capaz de produzi-la (SCHLESINGER & REINER, MAGARINOS TORRES). Descrevemos, neste trabalho, a mio...

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Bibliographic Details
Main Author: C. Magarinos Torres
Format: Article
Language:English
Published: Instituto Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde 1960-11-01
Series:Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0074-02761960000200004
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publisher Instituto Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde
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1678-8060
publishDate 1960-11-01
description A fibrose do miocárdio foi, primitivamente, atribuída á cicatrização de infartos e á miocardite intersticial. Em data relativamente recente maior atenção veio despertar a miocitólise como outra causa capaz de produzi-la (SCHLESINGER & REINER, MAGARINOS TORRES). Descrevemos, neste trabalho, a miocitólise difusa do miocárdio como diversa da miocitólise focal, estudada por SCHLESINGER & REINER. Na cardiopatia crônica chagásica, a fibrose do miocárdio é aparentemente, o resultado da miocitólise difusa em menor escala associada á da miocaedite específica. Embora não patognomônica da doença de Chagas, a miocitólise difusa, em sua fase crõnica (figs. 3 a 11), por vêzes distinguida, devidamente, da miocardite intersticial, é constante e, não raro, extensa na cardiopatia crônica chagásica, fato a ser levado em conta quando tentado o seu diagnóstico microscópico. A raridade, porém com que é surpreendida a sua fase aguda (figs. 13 e 14) indica que ela se processa de maneira lenta, atingindo, apenas, raras fibras musculares, em cada momento concreto, circunstãncia essa que, de certo modo, virá dificultar o seu estudo pelo microscópio electrônico. A lesão de C. Magarinos torres (figs. 15, 16 e 17) não parece relacionada com a miocitólise, embora reconheça, provàvelmente, uma patogenia semelhante: anemia local condicionando perturbações no metabolismo das células musculares cardíacas. A destruição de células musculares, discreta em cada campo microscópico, porém difundida, exige evidentemente menos afluxo de sangue arterial, nas zonas em que a miocitólise é mais acentuada, fato que não poderia explicar o colapso das finas ramificações arteriais ocasionalmente encontrado (figs. 18, 20 e 22). A conservação de capilares sanguíneos do primitivo estroma do miocárdio distingue a fibrose resultante da miocitólise difusa (figs. 8, 9, 11 e 12) da que produz a miocardite intersticial crõnica. A acentuada congestão dos capilares (fig. 12) atesta o intenso grau de insuficiência cardíaca congestiva presente nos pacientes com cardiopatia crõnica chagásica autopsiados, assim como a existência de um círculo vicioso: congestão crônica, anóxia, perturbações do metabolismo nas células musculares, miocitólise. Os fatos aqui referidos reforçam a hipótese segundo a qual a forma cardíaca da doença de Chagas estaria sempre condicionada a lesões vasculares do coração além da miocardite específica ìntimamente associada.<br>Myocardial fibrosis was formerly chiefly ascribed to healed infarcts and to interstitial myocarditis. Recently, however, more attention has been paid to myocytolysis as another possible source of fibrosis (SCHLESINGER & REINER, MAGARINOS TORRES). Besides focal myocytolysis of the myocardium well recognized in later years, another type-diffuse myocytolysis-is reported in this paper. In Chagas' heart disease fibrosis of the myocardium is largely the consequence of diffuse myocytolysis. In its chronic stage (figs. 3-11) which has been often mistaken for interstitial myocarditis, diffuse myocytolysis while not specific is always found and often extensive in Chagas' heart disease and this circumstance should be taken into account when attempted the micorscopic diagnosis of such condition. Its acute stage (figs. 13 and 14), is seldom found suggesting a slow progress for this process, as only a few myocardial fibers are attained at the same time. This point is worth considering when performing its study with the electron microscope. C. Magarinos Torres' lesion (figs. 15, 16 and 17) is likely not related to myocytolysis although both changes probably recognize identical pathogeny: metabolic disturbances in myocardial fibers induced by local anemia. The need for arterial blood supply is likely diminished in the areas of marked diffuse myocytolysis on account of extensive destruction of myocardial cells and this possibly accounts for collapse of small arterial branches (figs. 18, 20 and 22) occasionally found. The original stroma with preserved blood capillaries in the areas of the so-called "fibrosis" (figs. 8, 9, 11 and 12) distinguishes diffuse myocytolysis from chronic interstitial myocarditis. Marked dilatation of such capillaries (fig. 12) demonstrates the high degree of congestive cardiac insufficiency found in fatal cases of Chagas's heart disease and is indicative of a vicious circle: passive hyperemia, local anemia, metabolic disturbances in myocardial fibers, myocytolysis. Data here reported reinforce the concept that in Chagas' heart disease vascular changes intimately associated to a specific myocarditis are at work.
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