Religião e política: a bandeira da "luta contra o infanticídio indígena" e o controle de corpos de mulheres e crianças indígenas
O chamado “infanticídio indígena” é uma expressão sustentada no Brasil por atores vinculados a setores evangélicos e conservadores. Esta expressão foi lançada por esses sujeitos ao campo da política institucional. Assim, deputados, senadores e ministros defendem que o “infanticídio” se refere a uma...
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Universidade Federal de Juiz de Fora
2021-07-01
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doaj-55d96d89a5bb4fecbb0e02bbcad82e792021-07-08T15:02:50ZporUniversidade Federal de Juiz de ForaTeoria e Cultura1809-59682318-101X2021-07-0116110123doi:10.34019/https://doi.org/10.34019/2318-101X.2021.v16.30771Religião e política: a bandeira da "luta contra o infanticídio indígena" e o controle de corpos de mulheres e crianças indígenasAna Carolina Saviolo Moreira0https://orcid.org/0000-0003-4887-7023Universidade Estadual de CampinasO chamado “infanticídio indígena” é uma expressão sustentada no Brasil por atores vinculados a setores evangélicos e conservadores. Esta expressão foi lançada por esses sujeitos ao campo da política institucional. Assim, deputados, senadores e ministros defendem que o “infanticídio” se refere a uma prática corrente e indiscriminada existente entre povos indígenas no Brasil. De acordo com essa perspectiva, o “infanticídio” atenta contra o direito à vida – pilar dos Direitos Humanos – e deve ser amplamente coibido pelo Estado. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 119/2015, que trata sobre a existência e a erradicação do “infanticídio indígena”, se revela nesse contexto como uma ferramenta política de controle sobre os corpos de mulheres e crianças indígenas, uma vez que legitima a retirada de crianças de seus contextos de origem sob a justificativa da vulnerabilidade e do risco de morte intencional. Este artigo discute o chamado “infanticídio indígena” e apresenta ao leitor o conjunto de atores responsáveis pela criação e sustentação do movimento que prevê o seu combate. Seus principais objetivos são explicitar as relações entre religião e política existentes no movimento e refletir sobre os modos como ele se desdobra em uma tecnologia de controle de corpos por parte do Estado.https://periodicos.ufjf.br/index.php/TeoriaeCultura/article/view/30771indanticídio ingígenapl 119/2015controlecorpo |
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O chamado “infanticídio indígena” é uma expressão sustentada no Brasil por atores vinculados a setores evangélicos e conservadores. Esta expressão foi lançada por esses sujeitos ao campo da política institucional. Assim, deputados, senadores e ministros defendem que o “infanticídio” se refere a uma prática corrente e indiscriminada existente entre povos indígenas no Brasil. De acordo com essa perspectiva, o “infanticídio” atenta contra o direito à vida – pilar dos Direitos Humanos – e deve ser amplamente coibido pelo Estado. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 119/2015, que trata sobre a existência e a erradicação do “infanticídio indígena”, se revela nesse contexto como uma ferramenta política de controle sobre os corpos de mulheres e crianças indígenas, uma vez que legitima a retirada de crianças de seus contextos de origem sob a justificativa da vulnerabilidade e do risco de morte intencional. Este artigo discute o chamado “infanticídio indígena” e apresenta ao leitor o conjunto de atores responsáveis pela criação e sustentação do movimento que prevê o seu combate. Seus principais objetivos são explicitar as relações entre religião e política existentes no movimento e refletir sobre os modos como ele se desdobra em uma tecnologia de controle de corpos por parte do Estado. |
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