Summary: | A violência contra a mulher é considerada uma questão social e atinge a vida de milhões de mulheres em seus diferentes espaços de atuação. Um importante mecanismo para identificar e diagnosticar incidências relativas a este fenômeno constitui-se nos sistemas de informação e comunicação do setor público, pois não só permitem o mapeamento de casos, como a construção de indicadores e certo dimensionamento do problema, possibilitando, portanto, a construção de iniciativas mais eficazes relacionadas ao seu enfrentamento. O ponto aqui a ser ressaltado, através da análise de dados secundários, leis vigentes e com base em referências sobre o tema, consiste nos tipos de dados produzidos e inseridos nestes sistemas. O aspecto que chama atenção recai sobre a influência de dimensões subjetivas derivadas de valores, crenças, significados e sentidos atribuídos à violência contra a mulher que refletem nos procedimentos de alimentação dos sistemas e no compromisso dos profissionais com os propósitos estabelecidos pelos serviços prestados. Nesse sentido, compreende-se que valores arraigados e instituídos culturalmente na sociedade refletem-se na informação produzida e em maior nível, na existência de subnotificações, como no caso do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), do Ministério da Saúde, constituindo-se como um dos aspectos negativos em relação à inserção de dados no sistema, remetendo a uma visão histórica e cultural marcada por concepções valorativas em relação aos padrões hierárquicos de gênero.
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