A lógica do poder no Livro de vertuosa benfeytoria
Organizado em torno de uma estrutura especular, a Vertuosa Benfeytoria apresenta‑nos uma teoria do poder que se ancora na tradição dos grandes textos chave da filosofia política medieval, concebendo o poder como instituído originariamente por Deus, e desdobrando uma diferenciação entre poder e uso...
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Coimbra University Press
2016-12-01
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Series: | Revista de História da Sociedade e da Cultura |
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doaj-4f91b7c802f54552b7fe7bad29d3d7572020-11-25T02:15:59ZporCoimbra University PressRevista de História da Sociedade e da Cultura1645-22592183-86152016-12-011610.14195/1645-2259_16_4A lógica do poder no Livro de vertuosa benfeytoriaJorge Manuel de Matos Pina Martins Prata0Universidade de Coimbra – CHSC Organizado em torno de uma estrutura especular, a Vertuosa Benfeytoria apresenta‑nos uma teoria do poder que se ancora na tradição dos grandes textos chave da filosofia política medieval, concebendo o poder como instituído originariamente por Deus, e desdobrando uma diferenciação entre poder e uso do poder, entre Poder-Instituição e Governante. Poder em abstrato que se desdobra em três tipos diferentes de concretização efetiva: Auctoritas, Dominium e Poder Político, sendo o Poder Político o correlato da sociedade humana organizada, cuja encarnação numa forma determinada de regime – a monarquia – se procura naturalizar, de modo a apresentá-la como tipo único e necessário do governo dos homens, governo esse orientado para o bem comum da coletividade, e no seio do qual o governante se apresenta menos como detentor de direitos do que como obrigado a deveres. Oficium que impõe preceitos cuja inobservância pode conduzir à deposição do detentor do uso do poder. Prevalência do bem comum que não impede que a sociedade se organize em torno de uma desigualdade fundamental e naturalizada. No fim, uma utopia: o retorno à inocência das origens, com a abolição do poder político, e a emergência de um poder sem poder, fundado no amor e na dádiva. https://doi.org/10.14195/1645-2259_16_4 https://impactum-journals.uc.pt/rhsc/article/view/3965Poder políticoauctoritasdomíniobenefício |
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Organizado em torno de uma estrutura especular, a Vertuosa Benfeytoria apresenta‑nos uma teoria do poder que se ancora na tradição dos grandes textos chave da filosofia política medieval, concebendo o poder como instituído originariamente por Deus, e desdobrando uma diferenciação entre poder e uso do poder, entre Poder-Instituição e Governante. Poder em abstrato que se desdobra em três tipos diferentes de concretização efetiva: Auctoritas, Dominium e Poder Político, sendo o Poder Político o correlato da sociedade humana organizada, cuja encarnação numa forma determinada de regime – a monarquia – se procura naturalizar, de modo a apresentá-la como tipo único e necessário do governo dos homens, governo esse orientado para o bem comum da coletividade, e no seio do qual o governante se apresenta menos como detentor de direitos do que como obrigado a deveres. Oficium que impõe preceitos cuja inobservância pode conduzir à deposição do detentor do uso do poder. Prevalência do bem comum que não impede que a sociedade se organize em torno de uma desigualdade fundamental e naturalizada. No fim, uma utopia: o retorno à inocência das origens, com a abolição do poder político, e a emergência de um poder sem poder, fundado no amor e na dádiva.
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