Summary: | Este artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi analisar os sentidos do respeito para alunos do 6° ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual do interior de São Paulo, em que se utilizou como estratégias metodológicas a contação e produção de histórias. Trata-se, pois, de uma pesquisa-intervenção, que teve como aporte teórico-metodológico a Psicologia histórico-cultural, sobretudo o conceito de imaginação para Vigotski. Foram sujeitos da pesquisa três classes de alunos de 6º ano do ensino fundamental, com aproximadamente 30 alunos cada, com idades entre 12 e 13 anos. Realizaram-se 14 encontros com cada uma das classes, em que se desenvolveram atividades de contação de histórias seguidas de discussão, bem como de produção de histórias orais e escritas pelos alunos. As histórias envolviam temáticas de interesse dos grupos, escolhidas a partir de suas sugestões. Neste artigo, tomamos como fonte de informação apenas a produção escrita dos alunos sob a forma de histórias. Os resultados indicaram que existe uma contradição entre o investimento escolar para instituir o respeito por meio de suas regras e normas e a maneira como solucionar os problemas nas relações escolares, que valoriza a punição e pouco promove a reflexão e o diálogo. Também indicaram a percepção dos alunos de que a força física é uma forma de impor o respeito e de que existiria uma espécie de superioridade moral do sujeito pobre sobre o sujeito rico. Concluiu-se com o estudo que a maioria dos indicadores que promovem e mantém a configuração de sentidos sobre o respeito no ambiente escolar referem-se às possibilidades externas de ação/regulação do sujeito e que o poder econômico e a imposição do medo são os principais aspectos que estão na base dos sentidos de respeito para os alunos pesquisados.
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