Doentes obesos: complicações respiratórias na unidade pós-anestésica
Resumo: Introdução: A obesidade tem sido associada a eventos respiratórios e a maioria destes ocorrem no pós-operatório imediato na unidade pós-anestésica (UPA). O objetivo deste estudo foi avaliar o «outcome» e a incidência de eventos adversos respiratórios (ARE) pós-operatórios em do...
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2014-01-01
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J. Mendonça H. Pereira D. Xará A. Santos F.J. Abelha |
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Resumo: Introdução: A obesidade tem sido associada a eventos respiratórios e a maioria destes ocorrem no pós-operatório imediato na unidade pós-anestésica (UPA). O objetivo deste estudo foi avaliar o «outcome» e a incidência de eventos adversos respiratórios (ARE) pós-operatórios em doentes com obesidade durante a sua permanência na UPA. Métodos: Estudo prospetivo caso-controlo com emparelhamento de 27 pares de adultos com obesidade e doentes com IMC < 30,0 (não-obesos; grupo de controlo) semelhantes quanto à distribuição do sexo, idade e tipo de cirurgia, admitidos após cirurgia eletiva na UPA (em maio de 2011). Os doentes foram classificados como tendo alto risco de sÃndrome de apneia obstrutiva do sono (HR-OSA) quando tinham um score de STOP-BANG â¥Â 3. Os ARE foram definidos como obstrução das vias aéreas superiores, hipoxémia (ligeira, moderada e grave), falência respiratória, incapacidade de respirar profundamente, fraqueza dos músculos respiratórios, reintubação e aspiração pulmonar após extubação traqueal. Foi utilizada a análise descritiva das variáveis e os testes de Mann-Whitney U, Qui-quadrado e teste de Fisher foram utilizados para efetuar comparações. Resultados: O grupo de doentes obesos apresentou uma frequência superior de doentes com um score de STOP-BANG â¥Â 3 (89 vs 11%, p < 0,001); foi submetido menos frequentemente a cirurgias consideradas de alto risco (59 vs 0%, p = 0,002) e a cirurgias major (4 vs 15%, p = 0,008). Apresentou mais frequentemente eventos pulmonares adversos na UPA (33 vs 7%, p < 0,018). O evento adverso pulmonar mais frequente foi a incapacidade de respirar profundamente, que ocorreu mais frequentemente nos doentes obesos (26 vs 4%, p > 0,025). A análise multivariada identificou a obesidade e o bloqueio neuromuscular residual como fatores de risco independentes para a ocorrência de eventos respiratórios. A duração da estadia na UPA foi superior nos doentes obesos (120 min vs 84 min, p > 0,01). Conclusões: A incapacidade de respirar profundamente foi o ARE mais frequente no perÃodo pós-operatório imediato nos doentes obesos. A obesidade foi considerada um fator de risco independente para ocorrência de ARE na UPA. Os doentes obesos tiveram maior tempo de estadia na UPA mas não tiveram maior tempo de internamento hospitalar. Abstract: Introduction: Obesity has been associated with respiratory complications, and the majority of these complications occur in the Post-Anesthesia Care Unit (PACU). The aim of this study was to evaluate the outcome and incidence of adverse respiratory events (AREs) in obese patients during their stay in the PACU Methods: We conducted a prospective control study that included 27 obese patients matched with an equal number of patients with body mass index (BMI) < 30 (non-obese control group); the 2 groups of patients were similar in respect to gender distribution, age, and type of surgery and had been admitted into the PACU after elective surgery (May 2011). The AREs were identified during PACU stay. Descriptive analysis of variables was performed, and the Mann-Whitney U test, Chi-square test, or Fisher's exact test were used for comparisons. Associations with AREs were studied using univariate and multivariate logistic regression models. Results: There was a higher frequency of STOP-BANG â¥Â 3 (89% vs. 11%, P < .001) among obese patients and they were less frequently scheduled to undergo high-risk surgery (7% vs. 41%, P = .005) and major surgery (4% vs. 15%, P = .008). Obese patients had more frequent AREs in the PACU (33% vs. 7%, P < .018). Multivariate analysis identified obesity and residual neuromuscular blockade as independent risk factors for the occurrence of AREs. Stay in the PACU was longer for obese patients (120 min vs. 84 min, P < .01). Conclusions: Obesity was considered an independent risk factor for AREs in the PACU. Obese patients stayed longer in the PACU, but they did not stay longer in the hospital. Palavras-chave: Obesidade, Ãndice de massa corporal, Eventos respiratórios, Resultados pós-operatórios, Keywords: Obesity, Body mass index, Respiratory events, Postoperative outcome |
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doaj-4c4729bfe1924c249a4ba18b5e7f03b52020-11-24T23:47:25ZengElsevierRevista Portuguesa de Pneumologia0873-21592014-01-012011219Doentes obesos: complicações respiratórias na unidade pós-anestésicaJ. Mendonça0H. Pereira1D. Xará2A. Santos3F.J. Abelha4Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar de São João, Porto, PortugalServiço de Anestesiologia, Centro Hospitalar de São João, Porto, PortugalServiço de Anestesiologia, Centro Hospitalar de São João, Porto, PortugalServiço de Anestesiologia, Centro Hospitalar de São João, Porto, PortugalServiço de Anestesiologia, Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal; Unidade de Anestesiologia e Cuidados Peri-operatórios, Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal; Autor para correspondência.Resumo: Introdução: A obesidade tem sido associada a eventos respiratórios e a maioria destes ocorrem no pós-operatório imediato na unidade pós-anestésica (UPA). O objetivo deste estudo foi avaliar o «outcome» e a incidência de eventos adversos respiratórios (ARE) pós-operatórios em doentes com obesidade durante a sua permanência na UPA. Métodos: Estudo prospetivo caso-controlo com emparelhamento de 27 pares de adultos com obesidade e doentes com IMC < 30,0 (não-obesos; grupo de controlo) semelhantes quanto à distribuição do sexo, idade e tipo de cirurgia, admitidos após cirurgia eletiva na UPA (em maio de 2011). Os doentes foram classificados como tendo alto risco de sÃndrome de apneia obstrutiva do sono (HR-OSA) quando tinham um score de STOP-BANG â¥Â 3. Os ARE foram definidos como obstrução das vias aéreas superiores, hipoxémia (ligeira, moderada e grave), falência respiratória, incapacidade de respirar profundamente, fraqueza dos músculos respiratórios, reintubação e aspiração pulmonar após extubação traqueal. Foi utilizada a análise descritiva das variáveis e os testes de Mann-Whitney U, Qui-quadrado e teste de Fisher foram utilizados para efetuar comparações. Resultados: O grupo de doentes obesos apresentou uma frequência superior de doentes com um score de STOP-BANG â¥Â 3 (89 vs 11%, p < 0,001); foi submetido menos frequentemente a cirurgias consideradas de alto risco (59 vs 0%, p = 0,002) e a cirurgias major (4 vs 15%, p = 0,008). Apresentou mais frequentemente eventos pulmonares adversos na UPA (33 vs 7%, p < 0,018). O evento adverso pulmonar mais frequente foi a incapacidade de respirar profundamente, que ocorreu mais frequentemente nos doentes obesos (26 vs 4%, p > 0,025). A análise multivariada identificou a obesidade e o bloqueio neuromuscular residual como fatores de risco independentes para a ocorrência de eventos respiratórios. A duração da estadia na UPA foi superior nos doentes obesos (120 min vs 84 min, p > 0,01). Conclusões: A incapacidade de respirar profundamente foi o ARE mais frequente no perÃodo pós-operatório imediato nos doentes obesos. A obesidade foi considerada um fator de risco independente para ocorrência de ARE na UPA. Os doentes obesos tiveram maior tempo de estadia na UPA mas não tiveram maior tempo de internamento hospitalar. Abstract: Introduction: Obesity has been associated with respiratory complications, and the majority of these complications occur in the Post-Anesthesia Care Unit (PACU). The aim of this study was to evaluate the outcome and incidence of adverse respiratory events (AREs) in obese patients during their stay in the PACU Methods: We conducted a prospective control study that included 27 obese patients matched with an equal number of patients with body mass index (BMI) < 30 (non-obese control group); the 2 groups of patients were similar in respect to gender distribution, age, and type of surgery and had been admitted into the PACU after elective surgery (May 2011). The AREs were identified during PACU stay. Descriptive analysis of variables was performed, and the Mann-Whitney U test, Chi-square test, or Fisher's exact test were used for comparisons. Associations with AREs were studied using univariate and multivariate logistic regression models. Results: There was a higher frequency of STOP-BANG â¥Â 3 (89% vs. 11%, P < .001) among obese patients and they were less frequently scheduled to undergo high-risk surgery (7% vs. 41%, P = .005) and major surgery (4% vs. 15%, P = .008). Obese patients had more frequent AREs in the PACU (33% vs. 7%, P < .018). Multivariate analysis identified obesity and residual neuromuscular blockade as independent risk factors for the occurrence of AREs. Stay in the PACU was longer for obese patients (120 min vs. 84 min, P < .01). Conclusions: Obesity was considered an independent risk factor for AREs in the PACU. Obese patients stayed longer in the PACU, but they did not stay longer in the hospital. Palavras-chave: Obesidade, Ãndice de massa corporal, Eventos respiratórios, Resultados pós-operatórios, Keywords: Obesity, Body mass index, Respiratory events, Postoperative outcomehttp://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0873215913000548 |